Clubes não gostam de limite de atletas na Série A; CBF pensa em 'fair play'
A CBF vai ter que manejar bem a apresentação de suas novas propostas para o Brasileiro para convencer os 20 clubes da Série A a votarem sim no conselho técnico do torneio, na tarde desta sexta (22). A direção prometeu, por exemplo, bancar quase integralmente os custos do VAR (árbitro de vídeo, na sigla em inglês), o que deve fazer com que seja aprovado para as 380 partidas. Mas há outras ideias, duas bem polêmicas: limitar o número de inscritos a 40 jogadores e a troca de técnicos a apenas uma durante toda a competição.
Os dois temas tocam em um ponto importante: uma ingerência na gestão dos clubes em seus departamentos de futebol. Na questão específica do limite de inscritos, o blog apurou que a ideia da CBF é ajudar os clubes a se prepararem a algo que pretende implementar daqui um ou dois anos, que é o fair play financeiro. Muitos daqueles endividados vão precisar enxugar elencos para conseguir pagar as contas em dia, por isso antecipar uma lista limitada pode fazer com que estejam mais prontos quando o fair play chegar.
Esse talvez será o tema mais espinhoso da reunião. "Isso é um absurdo [lista limitada a 40 jogadores]. Estamos acostumados com isso de federação, CBF, ministério público, polícia militar, imprensa, todos querem e fazem ingerência nos clubes", disse o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, que deve votar contra a questão. Outros cartolas, pelo que o blog ouviu, devem seguir pelo mesmo caminho, a não ser que haja um meio termo.
O tema será debatido e podem haver brechas, como inscrever além dos 40 jogadores da base, com idade entre 18 e 20 anos. Segundo o diretor de competições da CBF, Manoel Flores, o número foi decidido com base em pesquisa. "O número foi obtido depois de um levantamento estatístico sobre quantos jogadores foram utilizados em média pelas equipes, nas últimas edições do campeonato", disse Flores em nota divulgada pela CBF.
Sanchez vai votar a favor de limitar troca de técnicos, mas o tema também deve gerar um debate acalorado. Se o treinador pedir demissão, o clube não poderá trocar o substituto desse? E se abrirem brecha para que em caso da demissão partir do profissional a troca não conta, como fiscalizar se a direção não está fritando o funcionário para que ele se demita?
O blog apurou que pelo menos um clube pode propor que em vez de limitar as trocas, se premie aquele que manteve o técnico por toda a competição ou pelos dois últimos torneios. Qual o prêmio? Poderia ser algo em dinheiro, ou até mesmo esportivo, com mais pontos no ranking da entidade que serve, por exemplo, para definir chaveamento na Copa do Brasil. A ver como esse tema será debatido também.
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