Contrato dá ao Qatar palavra final sobre compartilhar Copa com Omã e Kuwait
A pressão que o presidente da Fifa, Gianni Infantino, faz para inchar a Copa do Mundo de 32 para 48 participantes já em 2022 e estender a organização para outros países do Oriente Médio esbarra em dois problemas principais: primeiro é que o Qatar, sede única escolhida em 2010, precisa dar o aval para dividir a Copa. Há um contrato assinado entre a entidade e o governo qatariano que deixa claro que o torneio ocorrerá exclusivamente no Qatar — texto, inclusive, que engloba os deveres do país em facilitar entrada de turistas, em diminuir impostos a prestadores de serviço, entre outros pontos tradicionais dos eventos organizados pela Fifa mundo afora.
O segundo é que as duas opções de países apresentadas para receber os jogos podem dar mais dor de cabeça do que ser uma solução. Como a agência Associated Press revelou, a Fifa avalia Omã e Kuwait como opções a terem jogos se o Mundial inchar. São dois dos países da região que estão neutros com relação ao rompimento com o Qatar, acusado de facilitar movimentações de redes terroristas em seu território. Nações como Emirados Árabes, Arábia Saudita ou Bahrein, que teriam estruturas melhores para a Copa cortaram relações com o Qatar em 2017 e comercialmente seria impossível realizarem qualquer coisa juntos a curto prazo.
Infantino tem apoio, por exemplo, da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) pelo aumento do número de seleções na Copa em 2022 — quatro anos antes de 2026, Mundial que será compartilhado entre EUA, México e Canadá e já tem definido o aumento de participantes. Para crescer o Mundial daqui a pouco mais de três anos é preciso mais estádios, e fora do Qatar, já que os oito que estão sendo preparados para a Copa não comportariam 80 partidas de um torneio com 48 times, mas sim as 64 de 32 competidores.
A Fifa avalia a necessidade de mais quatro estádios para dividir 16 confrontos, o que seria um problemão com relação a Omã e Kuwait que, hoje, têm apenas um cada com boa capacidade e estrutura, e mesmo assim precisariam de uma reforma consistente. Abertura e final se manteriam, claro, no Qatar e no estádio de mais de R$ 3 bilhões que está sendo construído dentro de uma cidade que também está sendo construída (Lusail).
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Tempo, há. Até mesmo para construir mais duas arenas, uma em cada país, com capacidades superiores a 35 mil espectadores que poderiam receber partidas. Mas aí aparece mais um problema que faz com que o Qatar torça o nariz para o Mundial compartilhado: os qatarianos acham que sobraria para eles, por causa dos acordos já assinados, arcar com infraestrutura e até arenas em outros países. Há o temor de que Omã, Kuwait ou qualquer outro país tope receber partidas, mas diga que não colocará todos os milhões de dólares necessários para que isso ocorra. E, como normalmente ocorre, a Fifa gosta de lucrar com Copas, mas os gastos ficam prioritariamente com os anfitriões.
Uma decisão deveria ser tomada na próxima sexta-feira (15), quando o Conselho (antigo Comitê Executivo) da Fifa se reunirá em Miami. Mas Infantino foi inteligente: por incrível que pareça ele tem controle maior quando as 211 associações filiadas votam, o que ocorrerá no Congresso de 5 de junho, em Paris, do que quando somente os 36 membros do Conselho decidem algo, portanto uma decisão só ocorrerá daqui pouco menos de três meses.
Mas mesmo se a maioria das confederações votar a favor do aumento, o Qatar ainda dará a palavra final. A ver o como Infantino pode seduzir os qatarianos a darem o sim.
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