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Marcel Rizzo

Globo sem Palmeiras e Athletico deixa 16 rodadas com dois jogos 'no escuro'

Marcel Rizzo

15/03/2019 04h00

Palmeiras e Athletico em campo pelo Campeonato Brasileiro de 2018 (Crédito: Daniel Vorley/AGIF)

Dezesseis das 38 rodadas do Brasileiro-2019 terão dois jogos cada sem qualquer transmissão ao vivo, caso Palmeiras e Athletico Paranaense não fechem contrato com o Grupo Globo para TV aberta e pay-per-view. Outras 20 terão uma partida "no escuro", ou seja, para ver ao vivo somente no estádio. Somente duas rodadas, justamente aquelas em que os paulistas e os paranaenses se enfrentarão, teriam todos os confrontos direto na TV se o cenário atual se mantiver.

Dos 20 clubes da Série A, Palmeiras e Athletico foram os únicos que ainda não acertaram com a Globo para TV aberta e pay-per-view. Com isso, 52 partidas da Série A não teriam transmissão por qualquer plataforma (Tvs aberta e fechada, pay-per-view, redes sociais, etc) — todas em que Palmeiras e Athletico enfrentem os 13 times que fecharam com a Globo o pacote completo, ou seja, TV fechada também (para o SporTV). Os dois clubes fazem parte dos sete que têm acordo com a Turner, portanto as partidas entre essas equipes terão TV paga, via TNT ou Space no cabo.

A montagem da tabela da Série A levou, e muito, em consideração esses jogos sem transmissão e a novidade de a Globo ter um concorrente na grade nas partidas de Palmeiras, Athletico, Santos, Inter, Ceará, Fortaleza e Bahia. Toda rodada terá um dos 42 confrontos que a Turner tem sob seu direito — como decidiram acabar com os canais Esporte Interativo, os encontros passarão na TNT e Space, especializados em filmes e séries, e na internet via EI Plus. O único exclusivo, até o momento, são os dois Palmeiras x Athletico, o da ida e o da volta, que estrategicamente foram colocados na oitava rodada no primeiro turno e 27ª no segundo.

Há o entendimento de que, se não fecharem com a Globo, Palmeiras e Athletico poderão fazer o que quiser com esses dois jogos entre eles, com exceção, claro, de TV a cabo que é da Turner. Poderão, por exemplo, transmitir em suas redes sociais, ou então vender para qualquer emissora aberta, como Record ou SBT, concorrentes diretos da Globo. Por isso, apurou o blog, a CBF evitou colocar o confronto mais para o fim do calendário, quando poderia ser decisivo para definição de título, vaga na Libertadores ou rebaixamento.

"Nada ainda. Estamos conversando, eles [Globo] estão inflexíveis, têm a rigidez deles. Não podemos ganhar R$ 6 milhões por ano e Flamengo e Corinthians R$ 120 milhões por ano", disse Mario Celso Petraglia, homem-forte do Athletico. O que mais o incomoda na negociação não é o redutor oferecido pela Globo, de cerca de 20% para TV aberta, pelo fato de o clube do Paraná ter fechado com a Turner para TV paga. O maior empecilho é a diferença no pay-per-view, que dividirá algo em torno de R$ 650 milhões entre os times que assinarem o contrato, mas com base em pesquisa de audiência alguns ganharão muito mais do que os outros.

A Lei Pelé, em seu artigo 42, diz que os direitos de transmissão, retransmissão e produção de imagens pertencem às entidades de prática desportiva. Apesar de algumas pessoas afirmarem que o texto indica que o clube que detenha o mando de campo tem o direito de transmissão daquele jogo, especialistas e executivos das principais emissoras de TV do Brasil avaliam que o artigo diz que os dois times possuem esse direito. Ou seja, ambos precisam autorizar a transmissão. Se um time A fechou com a Globo e o B não, e esse B não der o aval para a transmissão, o jogo não tem TV. Por isso todo esse imbróglio por Palmeiras e Athletico não terem fechado. O Brasileiro terá início em 28 de abril.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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