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Marcel Rizzo

Seis jogos por dia: Copa do Mundo de 2022 inchada terá maratona no Qatar

Marcel Rizzo

23/03/2019 04h57

Estádio que está sendo construído pelo Qatar para abertura e final da próxima Copa (Crédito: Divulgação)

Se prepare para a maratona: o projeto da Fifa para o aumento de participantes da Copa do Mundo de 32 para 48 já na próxima edição, a de 2022 no Qatar, reserva oito datas com seis jogos por dia. Foi a única maneira encontrada de acomodar o Mundial nos 28 dias previstos, de 21 de novembro a 18 de dezembro — fora do período tradicional de junho e julho por causa do calor qatariano.

No formato atual, com 32 seleções disputando a Copa em 32 dias, há quatro dias com quatro partidas, mas somente nas últimas rodadas de cada um dos oito grupos, quando os confrontos começam no mesmo horário para evitar marmeladas — algo que a Fifa terá que quebrar a cabeça para evitar no modelo com 16 grupos de três times cada. Ou seja, atualmente são dois horários reservados em cada um desses quatro dias com quatro jogos, e os demais com três confrontos diários na primeira etapa e dois nas demais fases.

No relatório que foi aprovado por seu Conselho, dia 15 de março, que dá o aval para a mudança em 2022 a Fifa admite que um dos problemas com o inchaço já ocorrendo em 2022 (estava previsto para começar em 2026, nos EUA, México e Canadá) é a diferença nos dias de descanso que cada uma das equipes terá. Há times que podem chegar à segunda fase com seis dias parado para enfrentar outro que atuou três dias antes.

A Copa inchada em 2022 ainda não está aprovada. Será o Congresso, quando as 211 nações filiadas votam, quem decidirá isso, dia 5 de junho, em Paris. Há também a necessidade de o Qatar concordar, já que tem um contrato de exclusividade assinado para ser o país ser sede, algo que não será possível se o Mundial aumentar o número de concorrentes. O Qatar está construindo oito estádios para a Copa com 32 seleções, e a Fifa diz que é preciso de dois a quatro outras arenas para acomodar os 48 concorrentes. Por isso será preciso dividir o torneio com nações vizinhas.

Dia sim, dia sim

No calendário que está no relatório apresentado aos membros do Conselho a Fifa faz projeções com 12 estádios, considerado o ideal, e com dez, avaliado como satisfatório — em 2026, por exemplo, serão 16 arenas para os 80 jogos, que são 16 a mais do que os 64 do formato de Copa do Mundo atual. Nas duas projeções, a primeira fase da Copa-2022 seria disputada em apenas nove dias, cinco a menos do que os 14 do modelo atual com 32 equipes.

Em seis desses nove dias seriam disputadas seis partidas por dia. A Fifa não explicou como dividiria os horários, mas é improvável que não haja jogos simultâneos, o que não ocorre hoje com exceção da já citada última rodada de cada grupo. Na segunda fase, a 16 avos (uma antes das oitavas de final), também ocorrerá mais dois dias com seis jogos cada.

Em uma das propostas enviadas as quartas de final ocorrem com dois jogos em cada dia, como é hoje. Em outra, os quatro confrontos acontecem no mesmo dia, o que daria o mesmo tempo de descanso aos semifinalistas. Em outra projeção, a segunda fase (32 avos) é finalizada em dois dias, com quatro partidas diárias, e em outra é espaçada em três dias, com dois dias com duas partidas e o terceiro com quatro.

Não há diferença de disposição de confrontos nos modelos com 12 ou dez estádios. O que muda, e isso também preocupa a Fifa, é que com dez alguns equipamentos terão jogos em dias consecutivos, o que também não ocorre hoje. Dois campos, chamados no relatório de "9" e "10", receberão oito partidas em 12 dias, seis da fase de grupos e dois da segunda fase (32 avos), sempre em dobradinhas: um dia sim, outro também, com um de descanso no meio. Na Rússia-2018 havia ao menos dois dias de "descanso" para cada estádio. No relatório é escrito que os gramados híbridos (natural com sintético) farão com que não haja desgaste que danifique o campo e atrapalhe as partidas.

A Fifa identificou cinco países vizinhos que podem receber as partidas extras de uma Copa inchada em 2022: Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrein, Omã e Kuwait. O problema é que os três primeiros mantém um embargo contra o Qatar, desde 2017 — desconfiam que governo qatariano apoie grupos terroristas na região. Por isso, hoje, Omã e Kuwait seriam favoritos a co-anfitriões, dependendo, claro, da proposta que farão por estádios.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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