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Marcel Rizzo

VAR demora mais de 3 minutos em lance de Deyverson e culpa pode ser do 3D

Marcel Rizzo

10/04/2019 04h00

Três minutos e 12 segundos foi o tempo que os auxiliares de vídeo demoraram para analisar o lance em que foi anotado impedimento do atacante palmeirense Deyverson no empate por 0 a 0 contra o São Paulo, domingo (7), no Allianz Parque — nos pênaltis os são-paulinos venceram por 5 a 4 e avançaram à decisão estadual. O árbitro Flávio Rodrigues de Souza, como manda o protocolo, aguardou sem dar reinício à partida, anulando depois a marcação inicial de campo que validava o gol. Os 192 segundos superam, em muito, o tempo considerado ideal pela Fifa, que é de menos de um minuto (60 segundos). E um detalhe tecnológico pode ser a explicação para a demora.

Na Copa da Rússia, quando o VAR (árbitro de vídeo, na sigla em inglês) foi usado nas 64 partidas, o tempo médio de análise das jogadas objetivas, ou seja, quando o árbitro principal não precisa ir até a beira do gramado ver ele mesmo o lance no monitor foi de 55,6 segundos. É considerado bom pela Fifa, mas superior a três vezes o que Rodrigo Guarizo do Amaral, o VAR no clássico de domingo, demorou para entender que parte da perna de Deyverson estava, de fato, à frente do penúltimo defensor do São Paulo. Por que a diferença?

Há duas questões: uma de adaptação e outra tecnológica. A adaptação é que o VAR está começando a ser usado no Brasil, no Campeonato Paulista é a primeira vez, e a orientação é de verificar com máximo cuidado para não cometer erros, mesmo que essa análise demore um pouquinho mais do que o indicado. Mas há também relação com as imagens que são analisadas. A empresa que as opera no Paulistão e também fará isso no Brasileiro, a Hawk-Eye Innovations, é a mesma que fez o serviço na Copa do Mundo, mas com uma diferença: na Rússia as câmeras laterais que investigam lances de impedimento tinham um dispositivo 3D que facilitava, muito, para o árbitro de vídeo entender se o atleta estava ou não em posição legal.

No Brasil, tanto nos Estaduais como para a Série A do Campeonato Brasileiro, que em 2019 pela primeira vez usará o VAR, o dispositivo não foi adquirido por ser de um custo muito alto. Há linhas horizontais e verticais, as mesmas usadas nas transmissões de TV, que ajudam na identificação de posicionamento, mas é preciso olhar com precisão e voltar o lance algumas vezes para ter certeza do impedimento. Casos como o de Deyverson, que estava em posição irregular por centímetros, são difíceis, é preciso rever algumas vezes e o cuidado foi extremo para não errar.

" A linha horizontal e vertical não tem a característica de agilidade técnica que o 3D tem. Com o 3D, ela é mais rápida de utilizar, por isso essa diferença com a Copa do Mundo, por exemplo. Com as linhas verticais e horizontais você precisa avaliar o tronco do jogador, se está estendido, a posição do pé, isso gera demanda e uma leitura mais demorada", explicou Ítalo Azevedo, consultor estatístico de arbitragem da CBF.

No mesmo jogo um outro lance de impedimento em gol marcado pelo são-paulino Liziero foi analisado pelo VAR, mas este confirmou a marcação de campo que invalidou o tento. O auxiliar de campo Marcelo Van Gasse seguiu o protocolo e esperou Liziero completar a jogada, com o gol, para levantar a bandeira. Deste modo o jogo foi parado para que a sala de controle avaliasse, confirmando o impedimento. Também demorou acima do que a Fifa recomenda, com 1 minuto e 48 segundos para que a informação fosse repassada a Flávio Rodrigues de Souza.

A FPF está desembolsando R$ 28 mil em cada uma das 14 partidas com o árbitro de vídeo na fase mata-mata do Paulistão, com custo 100% da federação. Já a CBF fez um orçamento de cerca de R$ 50 mil por partida no Brasileiro e pagará a maior parte – total de R$ 12 milhões para 380 confrontos (os clubes vão desembolsar R$ quase 7 mi, no total).

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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