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Marcel Rizzo

Brasileiros montam dossiê com fotos do drama de jogar fora na Libertadores

Marcel Rizzo

17/05/2019 04h00

O troféu que o campeão da Libertadores recebe (Crédito: Juan Mabromata/AFP)

Vestiários sem estrutura adequada para aquecimento dos jogadores (e por tabela sem água quente), acesso ao estádio no meio de torcedores rivais, iluminação inadequada do campo de jogo e setor de arquibancada sem banheiro feminino. Esses são alguns exemplos que clubes brasileiros querem levar à direção da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) sobre o quanto sofrem quando precisam atuar fora de casa nas Copas Libertadores e Sul-Americana.

Dirigentes de 11 dos principais clubes do Brasil assinaram uma carta e pediram reunião presencial com a cúpula da Conmebol por reivindicações. No caso dos problemas estruturais fizeram fotos de diversas dificuldades enfrentadas em estádios do continente e pretendem mostrar quando forem recebidos pelo presidente, Alejandro Dominguez. As imagens farão parte de um espécie de dossiê elaborado em conjunto por Athletico Paranaense, Atlético-MG, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Inter, Palmeiras, Santos, Vasco e São Paulo.

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O texto da carta é baseado em quatro tópicos de reivindicações: remuneração dos clubes, padronização e exigências, comerciais e calendário. A padronização cita que, por causa dos grandes eventos esportivos realizados no Brasil esta década, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, estádios brasileiros receberam melhorias que elevaram as arenas a padrões internacionais, além das principais cidades terem investido em melhorias de segurança, hotelaria e transportes.

"Infelizmente, não observamos o mesmo padrão quando jogamos fora do território brasileiro e percebemos que há um grau de exigência por parte da Conmebol, para as partidas realizadas no Brasil, muito superior aos jogos disputados em outros países", diz trecho do documento ao qual o blog teve acesso. O texto continua: "Reconhecemos os esforços na evolução continua da competição e entendemos que os padrões e procedimentos exigidos em todos os estádios das competições de clubes Conmebol devem ser iguais para proporcionar uma competição desportivamente justa. Em reunião presencial, apresentaremos imagens de diversas situações que comprovam o que estamos afirmando", finaliza esse trecho.

Nas imagens estarão os exemplos citados no início do texto dessa reportagem, mas também outros. E a reclamação não se limita a países com futebol mais pobre, como Bolívia, Venezuela ou Peru, mas também a Chile, Colômbia, Uruguai e Argentina, o que, na visão dos clubes brasileiros, torna injusta a diferença de padronização já que os rivais são times que podem competir de igual para igual no campo, mas levam vantagem fora dele ao dar estrutura e segurança problemáticas aos brasileiros.

As outras reivindicações são mais conhecidas: os brasileiros querem receber mais dinheiro do que os clubes de outras nações, por entenderem que geram maior retorno de financeiro à Conmebol. Isso tem uma rejeição, claro, de argentinos, que ainda hoje continuam com forte influência dentro da ConmebolOutra reclamação é comercial, com a exigência da confederação de esconder as marcas de patrocinadores dos participantes nos dias de jogos. Há também a questão de calendário: os brasileiros pedem que jogos da Libertadores e da Sul-Americana ocorram na mesma semana, para permitir melhor aproveitamento das datas para os torneios nacionais — hoje, por causa principalmente de espaço nas grades de transmissão, partidas da Libertadores e da Sul-Americana ocorrem em semanas diferentes.

Os clubes solicitaram na carta que a reunião com a Conmebol acontecesse até 25 de abril, o que não ocorreu. A CBF deve intermediar um encontro durante a pausa nos torneios para a realização da Copa América no país este ano, entre 14 de junho e 7 de julho.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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