Fifa terá punição a abuso sexual após casos relatados no futebol feminino
"Eu estava com medo, tremendo. Ele disse: hoje quero descobrir o que está por baixo das tuas roupas. Eu comecei a gritar que queria ir para casa e ele disse grita o que quiser, ninguém vai te ouvir".
Ele é o ex-presidente da Federação Afegã de Futebol, Keramuudin Karim, banido para sempre do futebol pela Fifa no início de junho acusado de abusar sexualmente de jogadoras da seleção. A frase acima, de uma atleta em anonimato, foi dado ao jornal inglês "The Guardian" em dezembro de 2018.
A publicação já havia revelado, em novembro, as acusações contra membros do estafe da equipe e o cartola — todos negam terem cometido os atos. Os relatos são de março de 2018, ocorridos após treinamentos no Afeganistão ou em concentrações na Jordânia, e a Fifa foi muita criticada pela demora em apurar os casos.
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Por isso a entidade decidiu colocar em seu Código de Ética artigos específicos para casos de exploração e abuso sexuais — eles passam a valer em 1º de agosto e preveem punições mais duras e, principalmente, mais agilidade para que o Comitê de Ética e os órgãos judiciais da entidade possam suspender ou punir casos como o ocorrido no Afeganistão.
O texto atual até cita, no item 4 do artigo 23, que abuso sexual é proibido, mas a punição atual previa uma suspensão de, no máximo, cinco anos. Tanto que para banir Karim, a Fifa precisou usar um outro artigo, o 25, que fala de abuso de poder. Nele estava escrito que "uma sanção poderia ser aumentada dependendo da alta posição da pessoa". Como presidia a federação, Karim acabou sendo banido e multado em 1 milhão de francos suíços (R$ 3,8 milhões) — outros acusados ainda não tiveram os futuros definidos.
O foco da inclusão do tema abuso sexual é o futebol feminino, mas também as categorias de base do masculino, principalmente de países periféricos no esporte. Há relatos recebidos por membros da entidade de casos recorrentes na África, por exemplo. A entidade promete abrir investigações mais rapidamente.
O fato de apenas Karim ter sido punido até agora rendeu críticas à Fifa durante a Copa do Mundo feminina, entre junho e julho na França. A técnica da seleção afegã, Kelly Lindsey, disse que a Fifa não investigou ninguém e só puniu na camada superior. A federação rebateu, em nota, dizendo que ela estava mal informada, que conseguiu punir rigorosamente Karim e que deu ajuda às jogadoras que fizeram as denúncias.
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