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Marcel Rizzo

Data Fifa vira mini Copa América e Conmebol quer Liga das Nações mundial

Marcel Rizzo

07/09/2019 04h00

Brasil e Peru se enfrentam na semana que vem, nos EUA (Crédito: Lucas Figueiredo/CBF)

As datas Fifa se transformaram para as seleções sul-americanas em uma Copa América estendida e há discussão dentro da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) sobre o que fazer para tornar esses confrontos mais atrativos e que os times do continente consigam enfrentar rivais diferentes e, principalmente, mais fortes.

Desde a Copa do Mundo da Rússia, contando a deste setembro de 2019, foram seis datas Fifa — a janela que a entidade criou para que as seleções realizem amistosos ou jogos oficiais de eliminatórias para o Mundial, por exemplo. As dez seleções da América do Sul se cruzaram 12 vezes nesse período, sem contar as partidas que fizeram entre junho e julho pela Copa América. Foram outras 38 frente a times da Concacaf, a confederação das Américas do Norte, Central e Caribe, e apenas cinco contra europeus.

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A Conmebol quer ajuda da Fifa. Uma pauta em discussão seria a criação de uma Liga das Nações mundial, entre as Copas do Mundo, que confrontaria seleções de todos os continentes nessas datas Fifa obrigatoriamente. A proposta do presidente da federação internacional, Gianni Infantino, porém, tem forte resistência dos europeus.

A Uefa (União Europeia de Futebol) criou a partir de 2018 a sua Liga das Nações, justamente para dar um ar de oficial para as datas Fifas. Com isso o calendário das seleções do continente apertou e dificultou o confronto amistosos contra equipes de outros continentes. Desde que foi eliminado para a Bélgica nas quartas de final da Copa-2018, o Brasil de Tite só encarou um europeu, a República Tcheca, que nem está na elite do continente atualmente (venceu por 3 a 1). O Peru conseguiu a proeza de, em setembro de 2018, enfrentar Holanda e Alemanha, enquanto Uruguai e Bolívia (!!!!!) tiveram espaço na agenda da França.

Na data Fifa deste mês de setembro teremos incríveis seis confrontos entre times da América do Sul, que dois meses atrás estavam se enfrentando na Copa América – a seleção brasileira encarou a Colômbia nesta sexta (6), em Miami, e pega o Peru na quarta (11), em Los Angeles. A avaliação da Conmebol e de alguns confederações, incluindo o Brasil, é de que a dificuldade encontrada por sul-americanos nas últimas Copas passa muito pela preparação, restrita quase que exclusivamente a confrontos internos, seja em amistosos, na Copa América ou eliminatórias, ou frente rivais mais fracos de outros continentes.

Por exemplo: desde a Copa-2018, os times da América do Sul enfrentaram cinco vezes Panamá e Honduras. O México, que tem um futebol de nível superior aos vizinhos de Concacaf, mas está longe das potências europeias, foi rival dos sul-americanos incríveis nove vezes — na data Fifa de novembro de 2018, a Argentina encarou duas vezes os mexicanos por falta de adversários.

Nesse período houve confrontos contra seleções de nível muito baixo como Tailândia (115º no ranking Fifa), Mianmar (135) e Jordânia (99). Nas últimas quatro Copas do Mundo o Brasil foi eliminado por europeus e atualmente pouco enfrenta essas seleções antes de uma Copa do Mundo — 2006 para a França, 2010 para a Holanda, 2014 para a Alemanha, na derrota por 7 a 1 na semifinal, e em 2018 para a Bélgica.

Há um outro ponto que também atrapalha a montagem da tabela desses amistosos que são os contratos que algumas seleções têm, como Brasil e Argentina, com empresas que pagaram uma bolada para poder organizar essas partidas. Na visão dos cartolas sul-americanos a solução de uma Liga das Nações neutralizaria esse impasse, já que seriam torneios oficiais da Fifa, e durante essas competições esses acordos são congelados — e haveria espaço para os amistosos em que essas empresas faturariam.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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