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Marcel Rizzo

Flamengo x River: Conmebol amarrou regulamento para evitar final em 2 jogos

Marcel Rizzo

02/11/2019 06h35

A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) fez o regulamento da Libertadores para que se evitasse que a final única da competição, que ocorrerá pela primeira vez em 2019, a princípio em Santiago (Chile), pudesse ser desmembrada em duas partidas, na casa de cada um dos finalistas, como ocorria até 2018.

O blog apurou que a entidade temia que qualquer turbulência na organização do jogo isolado pudesse gerar pedidos para que o formato antigo, que agrada boa parte dos clubes e até cartolas das federações filiadas, fosse utilizado novamente. E foi exatamente o que ocorreu depois que o Chile passou a conviver com protestos nas ruas que deixaram em dúvida a realização do confronto entre Flamengo e River Plate em 23 de novembro no Estádio Nacional.

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Quando a Conmebol passou a discutir a possibilidade de tirar a final de Santiago, no meio da semana, ao menos dois dirigentes defenderam que a final fosse disputada em duas partidas, uma em Buenos Aires, casa do River Plate, e outra no Rio, no Maracanã, sede do Flamengo. Prontamente a ideia foi rechaçada e o regulamento foi usado como argumento para evitar que a ideia se espalhasse.

"O regulamento da Libertadores concede à Conmebol poderes suficientes para determinar a mudança do local da final para qualquer outra cidade que ofereça segurança a todos os envolvidos. Contudo, não há no regulamento a possibilidade de realização de uma final em sistema de ida e volta. Adotar uma medida desta natureza seria mudar o formato da competição, o que não pode ser feito neste momento", explicou ao blog Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo.

O artigo 35 prevê poder à Conmebol de mudar qualquer partida da Libertadores de sede por questões de segurança, inclusive a final única, mas não prevê que esse jogo se transforme em dois. Não há nem ao menos brechas, o que normalmente são comuns nesses regulamentos. O documento traz todas as obrigações dos finalistas, como estarem na cidade-sede na semana que antecede ao jogo para participar de eventos com patrocinadores e em nenhum momento é citada a possibilidade disso ocorrer na casa de cada um dos finalistas.

Em reuniões foi apresentado até que o River Plate, time de pior campanha do que o Flamengo na Libertadores e que, no regulamento antigo, faria a segunda partida da final fora de casa, poderia questionar isso judicialmente se houvesse uma decisão por dois confrontos, já que não há previsão no regulamento de qual seria a ordem dessas partidas. Um cartola chegou a sugerir que poderia ser feito até um sorteio para definir em qual país se jogaria a segunda partida, o que não foi nem levado a sério.

A final será em um jogo, dentro da América do Sul (em 2018, o segundo confronto entre River Plate e Boca Juniors foi disputado em Madri, na Espanha, por questões de segurança) e a Conmebol vai insistir ao máximo para que seja em Santiago, a pedido também de seus patrocinadores. Caso a situação na capital Santiago piore com protestos, a solução mais fácil seria levar Flamengo x River Plate para Assunção, no Paraguai, país onde está a sede da Conmebol.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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