Quem é o novo queridinho da CBF que ganhou vaga na Fifa
Marcel Rizzo
10/02/2017 04h00
Um novo cartola desponta como queridinho da cúpula da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
O advogado Castellar Modesto Guimarães Neto tem 34 anos, é presidente da Federação Mineira de Futebol desde 2014, e há forte lobby dentro da CBF para que se candidate à vaga de vice-presidente aberta após a morte de Delfim Peixoto. O ex-presidente da Federação Catarinense estava no acidente de avião com a delegação da Chapecoense, em novembro de 2016.
Guimarães se aproximou da CBF ao fazer parte do Comitê de Reformas, que tinha como principais objetivos a atualização do estatuto e a criação de um código de ética para a confederação. Boa parte das sugestões que deu foi utilizada, e ele caiu nas graças de Walter Feldman, secretário-geral da CBF, que toma a linha de frente na articulação política da entidade.
Ao presidente Marco Polo Del Nero, foi passado que seria importante ter alguém com perfil jovem com cargo importante na CBF. Em meio a isso, o Brasil recebeu da Fifa posto em uma das comissões da entidade mundial na reformulação realizada em Zurique, e pediu que os brasileiros indicassem alguém novo para seguir a linha de renovação dos quadros. Tudo isso sendo feito devido às denúncias de corrupção que derrubaram a direção da Fifa.
Para a vaga no Comitê dos Jogadores, que tem a função de monitorar se as regras de transferências de atletas estão sendo seguidas, e determinar nova regulamentação para a elegibilidade de jogadores nas competições organizadas pela Fifa, a CBF indicou justamente Castellar Guimarães, que já assumiu.
Advogado criminalista, ele entrou no mundo do futebol por meio do Atlético-MG, como assessor da diretoria – era ligado ao então presidente atleticano, e hoje prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Foi Kalil, e Marcelo Aro, deputado federal, diretor de ética da CBF e influente na FMF, os incentivadores para que Guimarães se candidatasse em Minas Gerais – Kalil e Aro são filiados ao PHS.
Política
O estatuto da CBF exige que uma nova eleição seja feita em caso de vacância de qualquer vice-presidência, mas é consenso na entidade que aquele que se candidatar apoiado por Marco Polo Del Nero será eleito. A CBF não informou se há previsão de data para que o pleito ocorra.
São cinco vice-presidentes e, para agradar diferentes grupos políticos, a CBF instituiu ainda na gestão de Ricardo Teixeira (1989-2012) a divisão das federações filiadas por regiões, em uma geografia peculiar. O Espírito Santo e Minas Gerais, estados da região Sudeste, fazem parte do Centro-Oeste no "mapa" da confederação, enquanto o Maranhão, no Nordeste do Brasil, aparece no Norte.
Já há uma cadeira ocupada pelo Centro-Oeste na vice-presidência, com Marcus Antônio Vicente, do Espírito Santo. Mas isso não é problema para a CBF, que já mandou às favas essa divisão ao colocar duas cadeiras para o Norte com a eleição do paraense Antônio Carlos Nunes, justamente para ele se tornar o sucessor direto de Del Nero (por ser o vice mais idoso). O presidente temia ser afastado do cargo ao ser investigado por corrupção (ele nega irregularidades) – Fernando Sarney, do Maranhão, também é vice-presidente.
Essa vaga dada a Nunes foi tirada do Sudeste com a renúncia de José Maria Marin, indicado por São Paulo, preso na investigação do Departamento de Justiça dos EUA de corrupção no futebol. Paulistas e a federação do Rio aceitaram abrir mão da vaga.
Cogitava-se inicialmente manter a cadeira que era ocupada por Delfim no Sul. Por um rodízio entre os três Estados da região (para esta a geografia da CBF é a mesma do Brasil), seria a vez do Paraná, com Hélio Cury. Antigo desafeto de Del Nero, eles se aproximaram nos últimos meses, mas a ascensão de Castellar Guimarães freou a empolgação com Cury como vice.
São Paulo e Rio devem ser consultados sobre a vaga, e se liberarem Minas Gerais pode ganhar uma vice-presidência da CBF.
Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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