O abismo financeiro pago a quatro Estaduais comparado com resto do Brasil
Marcel Rizzo
21/02/2017 04h00
O Campeonato Paranaense de 2017 teria a quinta maior cota total paga pelo Grupo Globo entre os Estaduais – a emissora detém os direitos de transmissão dos principais torneios.
Os R$ 6 milhões oferecidos, desde que a dupla Atlético-PR e Coritiba assinasse o contrato intermediado pela Federação Paranaense de Futebol, só era inferior ao total que receberiam os clubes que disputam os estaduais de São Paulo, Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – sem eles, o Paraná ficou com R$ 4 milhões, dividido apenas entre os times menores.
A diferença do montante pago, porém, é gigante, e isso descontentou Atlético-PR e Coritiba. Para o Estadual de São Paulo (total de R$ 160 milhões), por exemplo, a distância é de mais de 2.500%. No gaúcho, que paga R$ 36 milhões ao todo e é o quarto mais bem remunerado, a diferença é de 500%.
No domingo (19), o clássico Atlético-PR x Coritiba foi cancelado porque a Federação Paranaense de Futebol não autorizou que a equipe de produção que transmitiria o jogo pela internet ficasse no campo, alegando que não estavam credenciados.
Como não fecharam com a Globo, os times passariam o jogo online, e para isso fecharam acordo com uma produtora. Pela Lei brasileira, os times são donos dos direitos de transmissão de suas partidas.
O que aconteceu?
Na negociação com a Globo, a dupla Atletiba lembrou que está na primeira divisão da Série A, e que não entendia uma diferença tão representativa entre os Estaduais, apesar, claro, de reconhecer que os torneios em São Paulo e no Rio têm valor de mercado maior do que o Paranaense.
Internamente, os dois clubes avaliam que o valor oferecido para cada um deles fechar o contrato do Estadual, de R$ 1 milhão, poderia ser uma retaliação pela dupla ter assinado com o Esporte Interativo para TV fechada da Série A do Brasileiro a partir de 2019, trocando o SporTV.
No Campeonato Paulista, os quatro grandes receberão no mínimo R$ 18 milhões cada pelo Estadual 2017. No Rio, o Flamengo fechou por R$ 15 milhões, e em Minas Gerais e Rio Grande Sul os grandes Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio e Inter embolsarão, cada, cerca de R$ 12 milhões.
O Grupo Globo nega qualquer interferência na não realização da partida. Em nota, informou que "não tem contrato com Atlético-PR e Coritiba no Campeonato Estadual e estava ciente da intenção dos clubes de fazer a transmissão pela internet. O Grupo Globo reafirma que, em nenhuma hipótese, teve qualquer ligação com o episódio e espera que dirigentes de clubes e federações se entendam para que o torcedor, razão maior do espetáculo, não seja punido pela falta de organização e de bom senso".
Os valores
Veja o total aproximado em 2017 para os Estaduais mais bem pagos: o Grupo Globo compra o direito de todas as plataformas, TVs aberta e fechada, pay-per-view e internet, mas em alguns estados, como o Ceará, não tem exclusividade em algumas plataformas. No Pará, não é a retransmissora da Globo que tem os direitos:
SP: R$ 160 milhões (R$ 18 milhões para cada grande)
RJ: R$ 120 milhões (R$ 15 milhões para cada grande aproximadamente)
MG: R$ 40 milhões (R$ 12 milhões para cada grande)
RS: R$ 36 milhões (R$ 12 milhões para cada grande)
PR: R$ 6 milhões oferta inicial com Atlético-PR e Coritiba dentro (R$ 4 milhões sem eles)
SC: R$ 5 milhões
PE: 4 milhões
BA: R$ 3 milhões
CE: R$ 2,7 milhões
PA: R$ 2,5 milhões
Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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