Governo diz que órgão extinto é responsável por divulgar custo da Rio-2016
Marcel Rizzo
10/04/2017 10h40
Criada para tentar dar destino aos equipamentos esportivos da Rio-2016, a Aglo (Autoridade de Governança do Legado Olímpico) não terá como uma de suas obrigações divulgar o custo final da Olimpíada do Rio, informou o governo federal ao blog.
A Aglo foi criada no último dia de março sobre a estrutura da APO (Autoridade Pública Olímpica), que teve desde 2011 função de coordenar as ações dos entes púbicos (federal, estadual e municipal) com relação aos Jogos Olímpicos. Uma das obrigações da APO era divulgar a matriz de responsabilidades, documento que mostra o custo com as arenas esportivas da Olimpíada.
A APO foi extinta em 31 de março, após nascer a Aglo, sem divulgar a matriz final. Segundo o Ministério do Esporte, que tem a Aglo sob sua alçada, "as atividades para as quais a APO foi criada cabem àquela autoridade responder por isto. A AGLO ficará focada a dar continuidade à boa utilização dos ambientes olímpicos após as olimpíadas".
O problema é: a APO foi extinta sem cumprir com sua atividade final, que seria divulgar quanto custaram as arenas esportivas na Olimpíada do Rio. Em agosto de 2016, durante o evento e por exigência do TCU (Tribunal de Contas de União), foi divulgada a última atualização da matriz, com gastos de R$ 7,09 bilhões nas arenas, divididas entre governo federal, estadual, municipal e iniciativa privada – o valor total dos Jogos, somando gastos com infraestrutura, deve bater os R$ 40 bilhões, se um dia esse número for divulgado.
O blog perguntou ao Ministério do Esporte como que a APO divulgaria o custo final, se não existe mais – os funcionários foram exonerados, e a estrutura da qual nasceu a Aglo é basicamente financeira, com sobras de dinheiro do antigo órgão. Não houve resposta.
Adiamentos
Em meio à Rio-2016, o presidente interino da APO, Marcelo Pedroso, disse que a matriz deveria ser divulgada em setembro do ano passado. Não foi, e o prazo acabou estendido para o fim de janeiro, e depois para o fim de março, quando a APO seria (e foi) extinta.
Em entrevista ao blog em março, Pedroso disse que os números estavam compilados, apesar de a prefeitura do Rio ter se retirado da APO em dezembro de 2016 e não ter enviado os dados finais. Restava, segundo Pedroso, uma aprovação do Conselho Público Olímpico, que era a instância máxima da APO e tinha representantes, inicialmente, dos governos federal, estadual e municipal. Não se sabe se o CPO aprovou ou rejeitou os números – o blog tentou contato com a presidente do conselho, a empresária Luiza Trajano, sem sucesso.
Durante a Olimpíada, pessoa próxima às decisões do custo olímpico disse a este repórter, então enviado especial da Folha de S. Paulo aos Jogos, que talvez jamais se saberia quanto custou a Rio-2016. Por enquanto nos encaminhamos para isso.
Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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