Topo

Como o Brasil se tornou o país que mais compra jogadores no mundo

Marcel Rizzo

20/07/2017 04h00

O Brasil há anos é o principal exportador de jogadores no futebol mundial, mas agora também é o que mais importa.

Detalhamento de relatório da Fifa sobre as transferências internacionais em 2016 mostra que clubes brasileiros fizeram 1.486 transações. Nenhum outro país comprou, emprestou ou vendeu tantos atletas – o segundo com mais negócios fechados, a Inglaterra, teve total de 1.391 – os dados são compilados pelo sistema de transferências da entidade, chamado de TMS.

Segundo a Fifa, 807 jogadores deixaram o Brasil no ano passado para outras confederações, tornando o país o que mais exportou. Por outro lado, 679 chegaram por aqui vindos de outros países, número também não batido por ninguém. O rico futebol inglês, que compra mais do que vende jogadores, contratou 659 atletas (veja no quadro abaixo).

Comparado com 2015, o Brasil aumentou em pouco mais de 9% o total de suas transações para 2016 (de 1.359 para 1.486), turbinado pelo aumento da importação, não da exportação. Entraram no país 16% a mais de atletas em 2016 do que em 2015 (de 585 para 679), enquanto saíram 4% a mais de um ano para o outro (de 774 para 807).

"A valorização do dólar frente ao real explica um pouco essa situação. Jogadores contratados de fora chegaram para ganhar salários maiores, por isso o aumento do número de transações", disse o consultor em gestão esportiva Amir Somoggi.

Saúde financeira

O blog ouviu executivos de clubes, que participaram de algumas dessas negociações. Outros dois fatores foram apontados para explicar o aumento das importações e o Brasil aparecer na frente de Inglaterra e Espanha, que até 2015 lideravam o número de contratações no mundo.

O primeiro é o aumento de faturamento dos clubes, principalmente em acordos com a televisão, algumas pagando luvas gordas por novos contratos assinados, e também em mais dinheiro arrecadado com bilheterias e programas de sócios torcedores — na esteira da modernização dos estádios por causa da Copa do Mundo de 2014.

O segundo foi a lei de responsabilidade fiscal, o Profut, que fez os clubes parcelarem as dívidas tributárias com juros camaradas, em troca de contrapartidas. Boa parte dessas contrapartidas é justamente melhorar a saúde financeira.

Com mais dinheiro em caixa, e menos gastos irresponsáveis, sobrou mais dinheiro para contratar jogadores de fora do Brasil, analisaram esses executivos. O grosso gasto, porém, é para o pagamento de salário e luvas para jogadores que estão fora do país, e não em transferências, diferentemente do que acontece na Inglaterra ou Alemanha.

Por isso que, se é o que mais contratou atletas, o Brasil é apenas o décimo que mais gastou, com R$ 268 milhões. A Inglaterra, por exemplo, desembolsou incríveis R$ 4,1 bilhões (veja detalhes nos quadros abaixo).

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Como o Brasil se tornou o país que mais compra jogadores no mundo - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

Sobre o Blog

Notícias dos bastidores do esporte, mas também perfis, entrevistas e personagens com histórias a contar.


Marcel Rizzo