Prejuízo e receita congelada: por que a Fifa quer mudar o Mundial de Clubes
Marcel Rizzo
14/12/2017 11h30
O principal motivo para a Fifa desejar acabar com o Mundial de Clubes no formato atual é financeiro. O torneio, criado em 2005 para ser anual com sete participantes, não traz o retorno imaginado 12 anos atrás, e em alguns anos deu até prejuízo.
Desde 2005, o máximo que a entidade conseguiu arrecadar por edição foram US$ 40 milhões (R$ 133 milhões), nos anos de 2013 e 2014, quando a competição foi realizada como novidade no Marrocos. Sair do Japão, palco tradicional do torneio, deu um salto de receitas também em 2009 e 2010, quando se mudou para os Emirados Árabes, gerando mais de US$ 37 milhões em cada uma das edições, mas isso não se repetiu agora.
Realizado novamente nos Emirados, a previsão é que a versão de 2017, que no sábado (16) terá a final entre Real Madrid e Grêmio (15h de Brasília), gere faturamento de US$ 22 milhões (73 milhões). É o mesmo valor que vinha sendo pago, em média, para se realizar o torneio no Japão. Na Fifa, há uma piada interna de que a receita do Mundial de Clubes empacou nos "US$ 20 milhões", um valor considerado baixo para os padrões entidade — a Copa do Mundo de 2014 gerou US$ 5,3 bilhões (R$ 18 bilhões).
Em 2016, a receita do Mundial bateu na casa dos US$ 30 milhões, alavancado pelo discurso da nova Fifa de que estava se afastando de casos de corrupção que abalaram a entidade no ano anterior, quando o Mundial, também no Japão, deu prejuízo. Se arrecadou US$ 20,4 milhões e se gastou US$ 20,8 mi. Mas o upgrade no ano passado não se repetiu em 2017, mesmo com a sede migrando novamente para o rico Emirados Árabes — projeta-se novo prejuízo.
Por isso que o presidente da Fifa, Gianni Infantino, pediu que se dessem opções para a criação de um Mundial de Clubes mais rentável. A melhor de todas, na análise da cartolagem em Zurique, na Suíça, onde está a sede da Fifa, foi a de transformar o Mundial em quadrienal, sempre realizado no ano ímpar antes da Copa do Mundo, com 24 clubes.
Na verdade a Fifa resolveria dois problemas de uma vez só, já que o Mundial nesse novo formato ocuparia no calendário o lugar da Copa das Confederações, torneio de seleções campeões continentais que também não gera lucro satisfatório. Uma projeção da entidade com um Mundial com 24 clubes, a maioria da Europa, era de que a receita poderia bater na casa dos US$ 300 milhões (R$ 998 milhões).
O problema é que o projeto esfriou por causa de europeus e sul-americanos — que cedem à Fifa os principais produtos para se vender o torneio. A Uefa (União Europeia de Futebol) está mais preocupada com a criação de seu torneio de seleções para ser jogado nas datas hoje reservadas a amistosos. Será algo extra à Eurocopa.
Já a Conmebol vê com mais carinho a volta da Copa Intercontinental, o confronto entre o campeão da Libertadores e o vencedor da Liga dos Campeões da Europa, jogo que ocorria até 2004, ano anterior à criação do Mundial de Clubes no modelo atual. A Fifa autorizou Uefa e Conmebol a procurarem investidores, partida que poderia voltar a ocorrer em 2019.
Em 2018, o Mundial de Clubes da Fifa no formato atual ocorrerá nos Emirados Árabes novamente, pois já há contrato assinado. Veja abaixo quanto a Fifa faturou com cada edição da competição no atual formato (em dólar):
2017 (previsão) – 22 milhões
2016 – 29 milhões
2015 – 20,45 milhões
2014 – 40 milhões
2013 – 40 milões
2012 – 25,4 milhões
2011 – 26 milhões
2010 – 38,6 milhões
2009 – 37,4 milhões
2008 – 18,8 milhões
2007 – 17,98 milhões
2006 – 24,85 milhões
2005 – 30,2 milhões
Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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