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Após escândalo, Copa-2018 não terá teste antidoping realizado em solo russo

Marcel Rizzo

17/02/2018 04h00

O escândalo de doping que cerca o esporte da Rússia, país-sede da Copa do Mundo entre junho e julho de 2018, fez com que a Fifa criasse regras especiais para exames de controle de dopagem na competição. As principais são: não haverá profissionais russos trabalhando na implantação dos procedimentos dos exames, desde coleta até manipulação das amostras, e nenhum teste será realizado em solo russo – será enviado a laboratório fora do país.

Nos eventos Fifa sempre há representantes da sede no trabalho antidoping e, muitas vezes, parte dos exames é feito em estruturas dentro do país, mesmo se não há um laboratório credenciado pela Wada (Agência Mundial Antidoping, na sigla em inglês), para otimizar o tempo  – o de Moscou foi excluído pela Wada, mas poderiam ser criados locais provisórios. Será usado principalmente o de Lausanne, na Suíça.

A Fifa manterá procedimento das últimas Copas: todos os jogadores convocados, das 32 seleções, serão testados antes do torneio, em datas não divulgadas – teste surpresa. Haverá também o recolhimento de amostras após todas as partidas, de atletas sorteados no dia do confronto.

Cada um dos inscritos terá um "passaporte biológico", com resultados de testes que realizaram anteriormente, para comparação caso haja alguma alteração nos colhidos antes e durante a Copa. Esse passaporte inclui procedimentos feitos em outros torneios Fifa, como a Copa das Confederações de 2017, ou competições de clubes, principalmente a Liga dos Campeões da Europa e torneios nacionais, como o Campeonato Brasileiro.

Mais de mil atletas russos, de 30 modalidades (incluindo o futebol), foram envolvidos no escândalo de doping russo -funcionários da agência local, com conhecimento do governo, teriam manipulado exames para que atletas dopados não fossem pegos. Após denúncia ao jornal "NY Times", em maio de 2016, feita por Grigori Rodchenkov, que comandava o laboratório de testes russo, a Wada solicitou uma investigação, comandada pelo jurista canadense Richard McLaren.

Foram dois relatórios apresentados, o primeiro com foco em problemas encontrados antes e durante os Jogos de Inverno de 2014, realizado em Sochi, na Rússia (cidade que será também sede da Copa do Mundo), e outro que avaliou todo o esporte do país. Com base nesses documentos, por exemplo, russos do atletismo não puderam disputar a Olimpíada de 2016, no Rio, e a Rússia não disputa os Jogos de Inverno que estão sendo realizados neste momento na Coreia do Sul — os atletas do país que não foram flagrados dopados atuam sob a bandeira olímpica.

A Fifa tem sido criticada por não ter punido atletas do futebol que podem ter se beneficiado do esquema. A entidade informou que os jogadores russos que participaram da Copa-2014, no Brasil, foram testados e todos deram negativos – a Fifa diz que não tem indícios, portanto, para colocar qualquer jogador daquele time sob investigação.

Também afirmou que foram realizados testes no time russo na Copa das Confederações de 2017, realizada no mesmo palco da Copa-2018, com todos dando negativo. E que a Uefa (União Europeia de Futebol) realizou exames, também negativos, durante a Euro-2016 e refez os testes da Euro-2012, com técnicas mais avançadas, e não foram encontrados indícios de doping dos atletas da Rússia que disputaram aquela competição.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

Sobre o Blog

Notícias dos bastidores do esporte, mas também perfis, entrevistas e personagens com histórias a contar.


Marcel Rizzo