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Clubes querem ao menos 60% dos ingressos em final única da Libertadores

Marcel Rizzo

23/02/2018 17h20

A Conmebol confirmou nesta sexta (23) que a partir de 2019 a Libertadores terá final em jogo único, em estádio e cidade ainda a serem definidos — Lima, no Peru, desponta como favorita para o ano que vem. A confederação, agora, incumbiu os cartolas de seus filiados a convencerem os clubes de que isso será vantajoso a seus torcedores. Há temor de que a mudança seja criticada porque fará com que os fãs tenham que se deslocar para verem seus times na decisão.

Um dos argumentos favoráveis à partida única usado em relatório apresentado nessa sexta ao Conselho da Conmebol é de que nesse formato as duas torcidas terão direito a mesma quantidade de ingressos na finalíssima, o que não ocorre hoje. Atualmente, com jogos na casa de cada um dos finalistas, aquele time de melhor campanha tem o direito de definir a taça como mandante, e consequentemente tem mais torcedores na arquibancada.

Foi usada a final de 2017 como exemplo: o Grêmio foi campeão jogando no estádio La Fortaleza, do Lanús, na Argentina, com apenas cinco mil torcedores vendo o time levantar o troféu. Os 37 mil bilhetes restantes foram para a torcida do Lanús, o que significou que pouco mais de 11% foram destinados aos brasileiros.

As federações, a pedido dos clubes, solicitaram que a divisão dos ingressos para a final seja de 30% para os torcedores de cada time finalista, outros 30% para a torcida da cidade da decisão e 10% para a Conmebol (que daria a patrocinadores, parceiros, dirigentes, etc). Esse número seria variável porque foi mostrado que se os fãs locais estiverem comprando menos ingressos do que o esperado, a sobra seria redistribuída aos clubes, o que daria ainda mais entradas a seus torcedores. Há uma segunda proposta que defende que os times tenham 50% dos bilhetes, e a outra metade seja da Conmebol. Esta, porém, desagradou a cartolagem.

Imaginando que a final em 2019 será realizada no estádio Nacional de Lima, com capacidade para 50 mil espectadores, cada clube receberia pelo menos 15 mil ingressos para dar a seus torcedores, com chance de aumentar. São dez mil a mais do que o Grêmio ganhou para a finalíssima de 2017.

Argumentou-se que, mesmo assim, podem ser necessários deslocamentos longos e caros, dependendo dos times finalistas e do palco do jogo, o que poderia significar estádio vazio. Os defensores lembraram que clubes brasileiros e argentinos, que costumam frequentar mais vezes as decisões da Libertadores, já levaram milhares de torcedores ao Japão para ver Mundiais de Clubes, e que portanto viagens dentro do continente não seriam impossíveis de serem realizadas.

Há uma incógnita para os times brasileiros se financeiramente será vantajoso o jogo único. A Conmebol promete que serão acrescidos pelo menos US$ 2 milhões (R$ 6,5 milhões) de bônus, além de 25% da arrecadação da partida, a cada um dos finalistas. Mas o Grêmio, por exemplo, faturou mais de R$ 6,5 milhões de renda na primeira partida da final da Libertadores do ano passado, em sua arena. Já o Atlético-MG, em 2013, teve arrecadação de mais de R$ 14 milhões atuando no Mineirão.

A Conmebol argumenta que os clubes não terão mais que arcar com a organização dos jogos, por isso toda a renda será líquida. Todos os valores dependerão da venda dos direitos comerciais da competição, que a confederação e parceiros estão tratando de negociar a partir do torneio de 2019.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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