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Fifa avalia fim de transferência em janeiro e mais dinheiro a time formador

Marcel Rizzo

28/02/2018 04h00

Cartolas da Fifa vão discutir nesta quarta-feira (28) duas propostas de mudanças em regulamento de transferência de jogadores que podem impactar diretamente o futebol brasileiro: o aumento na indenização paga a clubes formadores e o fim da janela de transferência de janeiro no futebol europeu – o encontro do comitê responsável por tratar dos interesses dos times será em Zurique, na sede da federação internacional.

O mecanismo de solidariedade, como é conhecido, foi criado no início dos anos 2000 para remunerar aqueles clubes que participaram da formação de jogadores que são negociados mesmo após já terem deixado o "berço" – uma maneira de indenização já que muitos atletas deixam seus países de origem muito jovens. Hoje, o máximo que se paga é 5% do total da transação, dividido entre todas as agremiações que o atleta esteve dos 12 aos 23 anos. A proposta é que essa porcentagem aumente para 7%.

O impacto financeiro seria interessante. Por exemplo: o Santos, que revelou Neymar, recebeu 4% da venda do atacante do Barcelona ao PSG, em agosto de 2017, o que rendeu cerca de R$ 33 milhões dos R$ 822 milhões desembolsados pelos franceses na maior negociação da história do futebol. Se a nova regra já estivesse válida, o Santos receberia entre 5,5% e 6%, o que poderia render total de R$ 50 milhões, ou R$ 17 mi a mais do que ganhou de fato.

"É uma alteração que se feita recompensa os clubes que investem na categoria de base, e que normalmente perdem os jogadores revelados muito cedo. É justo porque tem se investido cada vez mais em estrutura para formar atletas", disse André Fehér Jr, advogado especializado em direito desportivo do escritório CSMV.

A Fifa vai levar essa proposta a seus membros como maneira de incentivar as equipes a investirem em estrutura para formação de jogadores, como contratação de profissionais especializados e construção de centros de treinamentos. Na Uefa já é necessário, para se obter as licenças necessárias para disputar os principais torneios da Europa, ter departamentos completos de base. Se fará o mesmo no Brasil e na América do Sul nos próximos anos.

Calendário

A proposta de acabar com a janela de transferências de janeiro, ou no meio da temporada da elite europeia, é mais polêmica e deve encontrar resistência das grandes potências. A ideia da Fifa é tentar fazer com que haja equilíbrio maior entre os clubes, e que aqueles financiados por grandes conglomerados não possam duas vezes em uma temporada desfalcar rivais, digamos, menos endinheirados. Mas não é só isso.

"Há o objetivo de diminuir a quantidade de dinheiro circulado das transferências de atletas, e, assim, evitar o pagamento de comissões a intermediários em excesso", explicou Fehér. Desde 2015, a Fifa proíbe que terceiros tenham participação na venda de jogadores, mas é liberado que procuradores, chamados de intermediários, recebam comissões por terem trabalhado de alguma maneira na transação. Há, na avaliação da Fifa, ainda valores muito altos sendo pagos a essas pessoas, e com apenas uma janela de transferência esse montante pode diminuir.

Para os clubes brasileiros, seria bom por dois motivos: primeiro porque somente uma vez por ano os grandes mercados poderiam desfalcar as equipes brasileiras, entre julho e agosto de cada ano. Segundo porque como esses times só teriam dois meses para contratar, é provável que os valores das transações cresçam. Há, porém, uma desvantagem: essas transações ocorreriam em meio à Libertadores e ao Brasileiro, já que o calendário brasileiro é diferente do europeu e tem campeonatos de janeiro a dezembro, não de agosto a maio.

"Os clubes farão de tudo para ter o atleta, e pagarão valores bem maiores do que se pudessem esperar um pouco", disse Fehér. Um exemplo é o Barcelona, que contratou o brasileiro Philippe Coutinho na janela de janeiro por R$ 633 milhões, a maior da história do clube, depois de ter frustrada uma tentativa em agosto. Se tivesse que esperar mais um ano, talvez pagasse ainda mais entre julho e agosto de 2018.

Outro problema para o fim das transações de meio de temporada no Velho Continente é que pode violar as regras de livre comércio da União Europeia. Na Fifa teme-se que possa haver uma enxurrada de ações questionando a proibição devido a isso. O tema, polêmico, deve ser tratado em várias reuniões.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

Sobre o Blog

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