Apesar de EUA investirem mais, plano da Copa-2026 prevê abertura no México
Marcel Rizzo
26/03/2018 11h50
A proposta conjunta de Estados Unidos, México e Canadá para sede da Copa do Mundo de 2026 prevê 16 estádios recebendo partidas, e com um detalhe curioso: apesar de os norte-americanos garantirem o maior investimento no projeto, a partida de abertura pode ser disputada na Cidade do México.
No dia 13 de junho, véspera da abertura do Mundial da Rússia-2018, as 211 federações filiadas à Fifa escolherão no Congresso da entidade a sede da Copa de 2026, que será a primeira na história com 48 seleções e 80 partidas (contra as 32 e 64 jogos de atualmente). Concorrem EUA, México e Canadá, juntos, e o Marrocos. A proposta dos países da América do Norte é favorita.
Em documento enviado para análise dos cartolas das federações que farão a escolha, o projeto americano prevê que a abertura do Mundial ocorra na Cidade do México ou em Los Angeles. Só que a cidade da Califórnia é a favorita para ter a decisão da Copa, o que deixaria os mexicanos com o confronto inaugural.
Dois fatores pesam para Cidade do México ou Los Angeles terem a abertura: primeiro que a cidade que recebe a partida inaugural precisa ter estrutura boa porque na véspera ocorre o Congresso da Fifa, com a presença de centenas de dirigentes esportivos.
Segundo é o fato de o projeto da candidatura tripla ter como uma das principais linhas de atuação a presença de torcedores hispânicos nas regiões que receberão os jogos. É uma maneira de mostrar qeu o interesse para o torneio será grande, já que canadenses e norte-americanos tem outras preferências à frente do "soccer", como é chamado o futebol por lá. Los Angeles é uma das cidades dos EUA com maior número de imigrantes de países de língua espanhola.
A Cidade do México já recebeu duas aberturas de Copa, em 1970 (México 0 x 0 União Soviética) e em 1986 (Itália 1 x 1 Bulgária), as duas partidas no Estádio Azteca, que também foi a sede das duas finais desses Mundiais — e está no projeto para 2026. Se ganhar a Copa, a organização conjunta pretende anunciar as cidades-sedes em 2021.
São 23 cidades que disputam as 16 vagas, caso a proposta tripla vença a marroquina. São 17 nos EUA, três no México e três no Canadá. A previsão é que das 80 partidas a serem disputadas, 60 ocorram nos EUA e vinte nos dois outros países, dez em cada. Com isso, claro, os norte-americanos terão mais sedes, mas não se sabe ainda se dez ou mais — o ideal, para a Fifa, é que Canadá e México tenham ao menos três cidades cada.
As pré-candidatas dos EUA são: Atlanta, Baltimore, Boston, Cincinnati, Dallas, Denver, Houston, Kansas City, Los Angeles, Miami, Nashville, Nova York (Nova Jersey), Orlando, Filadélfia, San Francisco, Seattle e Washington. Do México concorrem Cidade do México, Guadalajara e Monterrey e, do Canadá, Montreal, Toronto e Edmonton.
Pouco antes do envio dos detalhes da final proposta, três pré-candidatas dos EUA tiraram seus nomes da lista, por não concordarem com as exigências tarifárias da Fifa para a organização do evento: Chicago (onde está a sede da Federação de Futebol dos EUA), Glendale (Arizona) e Minneapollis. Vancouver, no Canadá, também desistiu.
Investimento
A vantagem da proposta da América do Norte sobre a do Marrocos, segundo membros da Fifa, é que todos os estádios oferecidos já estão prontos. A única exceção é o estádio de Los Angeles, que está em construção para receber os times dos Rams e dos Charges na NFL, a liga de futebol americano local, com previsão de entrega para 2020. Mesmo assim, foi dado como opção o Rose Bowl, em Pasadena, ao lado de Los Angeles, que foi palco da final da Copa do Mundo de 1994, quando o Brasil bateu a Itália nos pênaltis.
Se este estádio novo da região de Los Angeles (fica, na verdade, em Inglewood, na região metropolitana) sair do papel, ele poderá ter capacidade final na Copa para 100 mil pessoas, e será o grande favorito a receber a final do Mundial (o que aumentariam, ainda mais, as chances de a Cidade do México ter a abertura).
O projeto de Marrocos prevê 14 estádios, em 12 cidades. Só que desses, somente cinco estão prontos e terão que passar por reformas para se adequarem às exigências da Fifa. Três serão construídos de forma permanente, inclusive o principal, chamado de Grande Estádio de Casablanca, com capacidade para 93 mil pessoas. Outros seis serão feitos para serem parcialmente desmontados ao final do Mundial, em um projeto que visa diminuir os custos.
As cidades marroquinas para a Copa são Casablanca, Rabat, Marrakesh, Agadir, Fez, Tangier, Meknes, El Jadida, Nador, Quarzazate, Oujda e Tetouan. A Copa do Mundo inchada com 48 seleções será um desafio para a Fifa e países-sedes, já que a ideia da entidade é que os Mundiais custem até menos do que outros, como o do Brasil, que teve despesa final de R$ 8,3 bilhões somente em estádios — foram 12 cidades-sedes, como Marrocos, mas com 12 arenas.
Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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