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Padrão Fifa faz parecer que jogos da Copa são todos no mesmo estádio

Marcel Rizzo

18/06/2018 04h00

Por fora, Luzhniki tem característica particular (Crédito: Dmitry Serebryakov/AFP)

Os jogos da Copa do Mundo ocorrem em um estádio apenas? Alguém desavisado, não tão fã do futebol, poderia se fazer essa pergunta aos ver as partidas via transmissão da Fifa. O tal padrão que a entidade exige para arenas que recebem o Mundial faz com que, pelo menos internamente, os campos sejam muito, muito parecidos.

Na Rússia estádios como o Luzhniki, em Moscou, que recebeu a abertura e também terá a final, têm uma arquitetura diferente por fora. De perto você percebe que boa parte da estrutura do Luzhniki tem tijolinhos, e é bem agradável aos olhos mesmo com toda estrutura criada ao seu redor para a Copa do Mundo. Por dentro, porém, poderia passar por qualquer outra arena russa, ou brasileira, da Copa de 2014, ou sul-africana de 2010.

Em seu caderno de encargos para a realização de uma Copa do Mundo, a Fifa cria regras para se reformar ou construir um estádio que os faz parecer a mesma coisa. É a distância entre as cadeiras padronizada, os túneis de acesso sempre na mesma posição, o espaço entre a linha lateral e a divisória da arquibancada com a mesma metragem, o tamanho do campo idêntico, etc.

Isso tudo piora durante a Copa porque qualquer referência que se tenha a um clube ou cidade e que seja a marca de um estádio é escondida — a arena é emprestada à Fifa, que põe os nomes de seus patrocinadores, seus logos e afins. Por exemplo: o segundo estádio de Moscou na Copa é do Spartak, tradicional clube local e muito bonito por fora, com enormes placas vermelhas, cor do clube. Dentro, porém, para poder receber o Mundial teve que se adequar às exigências da entidade, e ficou igual a todos os outros.

No Brasil isso ocorreu até com estádios que não receberam o Mundial, mas seguiram o padrão Fifa. O Allianz Parque, do Palmeiras, nunca esteve na lista da Copa-2014, mas foi construído com base principalmente nas orientações da Fifa porque, vai saber, poderia entrar em algum momento como arena do Mundial. Vendo jogos por lá na TV, parece qualquer estádio de Copa — com, claro, as particularidades por ser uma arena de clube.

Para 2022, o mesmo ocorrerá, já que o Qatar está construindo estádios com arquiteturas diferentes externamente, mas dentro seguem direitinho o que a Fifa pede. Já para 2026, algo novo deve ocorrer. No último dia 13 de junho os membros da Fifa decidiram que três países da América do Norte dividirão a organização do Mundial daqui a oito anos, EUA, Canadá e México.

Os três estádios mexicanos devem receber reformas padrão Fifa, portanto podem ficar parecidos com todos os de recentes Copas. Os americanos e canadenses, porém, já têm ótima estrutura, precisarão de um ou outro ajuste que a Fifa impõe, mas são modernos e, o melhor, cada um tem sua particularidade. Será, novamente, uma Copa em estádios de futebol, não arenas da Fifa.

Por dentro, o Luzhniki parece com estádios padrão Fifa de Copas anteriores (Crédito: Maxim Shemetov/Reuters)

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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Notícias dos bastidores do esporte, mas também perfis, entrevistas e personagens com histórias a contar.


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