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Fifa vai liberar R$ 370 mi do legado da Copa-14 e CBF vai gerir o dinheiro

Marcel Rizzo

23/10/2018 04h00

A Fifa vai dar na sexta-feira (26) a canetada final para liberar os quase US$ 100 milhões (R$ 370 milhões) do fundo do legado da Copa do Mundo de 2014 que estavam congelados depois das denúncias de corrupção que envolveram a CBF. O Conselho da entidade vai ratificar em sua reunião, que será realizada em Kigali, capital da Ruanda, o acordo feito há pouco mais um ano para que o dinheiro fosse enviado para o Brasil.

Não haverá, porém, a criação de uma empresa para cuidar dos recursos, como costurado um ano atrás. Segundo a CBF, o dinheiro será administrado pela própria confederação brasileira, e com o projeto inicial preservado: a construção de centros de treinamento com foco na formação de jogadores nos 15 estados que não receberam partidas do Mundial-2014. Somente um até agora saiu do papel, em Belém do Pará, antes de estourar o chamado Fifagate, em maio de 2015, que levou dezenas de cartolas à prisão, inclusive o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

Após Marin ser preso, e as acusações do departamento de Justiça dos EUA de que Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, também ex-presidentes, participaram do recebimento de propinas para vender direitos comerciais de torneios de futebol no Brasil e na América do Sul para empresas de marketing esportivo, a Fifa decidiu reter o dinheiro do fundo, além de pagamentos ocasionais feitos à confederação, como premiações por participação em campeonatos.

O congelamento suspendeu diversos projetos que já estavam em andamento. O dinheiro seria usado na infraestrutura dos CTs, com investimento em divisões de base, futebol feminino e comunidades carentes. Mais de dois anos depois do Fifagate, após insistência de membros da CBF, a Fifa decidiu realizar um acordo para que o dinheiro fosse liberado, em setembro de 2017. Mas ainda havia um problema: na época Marco Polo Del Nero continuava como presidente da confederação brasileira, mesmo após as denúncias.

Se desenhou então a ideia de que uma empresa fosse criada para que o dinheiro jamais passasse pelos cofres da CBF. Essa companhia distribuiria o dinheiro às federações estaduais e eventuais parceiros privados, sempre sob a orientação da Fifa. O caso, porém, empacou novamente quando Del Nero foi suspenso provisoriamente do futebol, em dezembro de 2017, para ser investigado pelo Comitê de Ética da entidade sobre as suspeitas de corrupção.

Em abril de 2018, portanto há seis meses, o comitê da Fifa decidiu banir definitivamente Del Nero do futebol, mas naquele momento a CBF já tinha até um novo presidente eleito, o diretor-executivo Rogério Caboclo, que só assume em abril de 2019 mas é visto com bons olhos pela cúpula da Fifa por ter um perfil de gerente, não de cartola. O banimento de Del Nero e a eleição fizeram com que finalmente o acordo fosse destravado, com o detalhe de que nem mesmo a empresa será criada, a própria CBF vai distribuir o dinheiro (sob os olhares da Fifa).

A expectativa é que com a ratificação do Conselho nesta sexta, o dinheiro, ou parte dele, possa ser enviado ainda em 2018.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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