Quem vai pagar? Custo pode inviabilizar de novo o VAR no Brasileirão
Marcel Rizzo
06/02/2019 04h00
O árbitro Wagner do Nascimento Magalhães consulta o VAR na final da Copa do Brasil 2018 (Crédito: Marcello Zambrana/Agif)
A CBF vai informar aos clubes no conselho técnico da Série A, que será realizado provavelmente em 19 de fevereiro, que terá condições de fornecer o árbitro de vídeo (VAR, na sigla em inglês) nos 380 jogos da competição em 2019 — para 2018, a confederação só garantia o uso da tecnologia nas 190 partidas do segundo turno. A questão que vai esquentar o debate, novamente, será a de custo: quanto e, principalmente, quem pagará. O blog apurou que a confederação ainda entende que são os clubes que têm que arcar com o valor, ou com a maior parte ao menos.
"Sou a favor do VAR, mas não concordo em pagar", disse ao blog o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. "Ainda não nos informaram nada a respeito, mas para variar vão querer que o clube pague", disse o cartola.
Sanchez foi um dos 12 cartolas que votaram contra o uso do árbitro de vídeo em 2018 — estiveram com ele Santos, América-MG, Cruzeiro, Atlético-MG, Athletico, Paraná, Vasco, Fluminense, Sport, Vitória e Ceará – destes, Sport, Paraná, Vitória e América-MG foram para a Série B em 2019. O São Paulo não votou, mas depois se mostrou contra, e Bahia, Botafogo, Chapecoense, Flamengo, Grêmio, Internacional e Palmeiras foram favoráveis. O Santos também avisou que não mudou de opinião e que o custo deve ser, no mínimo, dividido com a CBF, mas que o ideal é que a confederação arque 100% com o VAR.
O principal argumento usado pelos que rejeitaram foi o custo, de cerca de R$ 500 mil por clube somente para a utilização no turno final. A estimativa da CBF era de R$ 50 mil por partida, com o clube mandante se responsabilizando pelo pagamento. O total, nesses termos, para um torneio com 38 rodadas seria de R$ 20 milhões.
Para diminuir esse valores, a CBF contratou a empresa Ernest & Young para fazer a consultoria para o processo de escolha da empresa que prestaria serviço para uso do VAR por todo o campeonato. Representantes da EY estarão presente no conselho técnico, daqui duas semanas, e farão uma apresentação aos clubes a respeito principalmente dos custos. O blog apurou que o valor caiu e deve ser apresentado algo entre R$ 16 milhões e R$ 17 milhões, o que significa entre R$ 42 e R$ 44 mil por partida. Clubes ouvidos pelo blog acham o valor ainda muito alto.
No Campeonato Paulista, por exemplo, a Federação Paulista vai gastar R$ 28 mil por partida em 2019 — serão 14 jogos, a partir das quartas de final. A explicação para a diferença de valores, e que será relatado aos clubes, é porque com menos jogos a estrutura necessária da empresa contratada é bem menor. São dez jogos por rodadas no Brasileiro, em diferentes regiões do país, com partidas ao mesmo horário o que inviabilizaria, até certo ponto, a criação de uma cabine central, no Rio por exemplo, para os equipamentos e membros do VAR ficarem, algo que poderia baratear preços. Na Copa do Brasil, a CBF bancou o VAR em 14 partidas também, a partir das quartas de final, a custo total de R$ 700 mil (R$ 50 mil por jogo).
Já a comissão de arbitragem diz estar preparada para fornecer os profissionais caso os clubes aprovem o uso do VAR. Segundo Sérgio Corrêa, diretor responsável pelo VAR na CBF, hoje são 57 árbitros e 60 assistentes credenciados a trabalharem com a tecnologia, no campo ou nas cabines, número suficiente para atender dez jogos por rodada. Também já são 16 supervisores habilitados. "Eles são os guardiões do protocolo do VAR", disse Corrêa. No ano passado, por exemplo, a CBF só garantia o árbitro de vídeo para o segundo turno justamente pela falta de profissionais capacitados, entre eles esses supervisores, uma exigência da Fifa.
Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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