'Elefantes brancos' da Copa-2014 são favoritos a receber Supercopa da CBF
Marcel Rizzo
23/02/2019 04h00
Estádio Mané Garrincha, em Brasília, pode ser sede da Supercopa brasileira (Crédito: Comitê Rio-2016)
A ideia de uma Supercopa à moda europeia, com o campeão brasileiro e o vencedor da Copa do Brasil se enfrentando no início da temporada seguinte aos títulos não é nova na CBF. Após a Copa do Mundo de 2014, o então presidente José Maria Marin cogitou o confronto também em partida única, para 2015, como uma forma de colocar no calendário estádios usados no Mundial que, na época, se imaginava que poderiam virar "elefantes brancos". Não vingou, principalmente por causa do calendário inchado.
A Supercopa elaborada pela CBF para 2020 também deve ser usada para recolocar no cenário nacional arenas do Mundial de 2014 que estão ociosos, mesmo isso não sendo uma regra. O jogo terá sede escolhida anualmente e não é descartado que as primeiras edições ocorram em cidades como Brasília, Manaus, Cuiabá e Natal, locais em que os estádios desapareceram para a maior parte do Brasil nos quase cinco anos do final da Copa do Mundo.
Há, claro, a intenção de dar uma utilização decente aos chamados "elefantes brancos" e nada melhor do que a presença dos dois melhores times do Brasil em seu campo para isso. O Estádio Nacional Mané Garrincha, por exemplo, tem recebido partidas do campeonato do Distrito Federal para públicos que não chegam a 200 ou 300 pessoas — e de vez em quando é sede de clássicos dos times cariocas. Em Manaus, a Arena da Amazônia tem sido palco de jogos de futebol feminino, já recebeu a seleção brasileira feminina, mas sofre para ter bons públicos quando os homens entram em campo. O mesmo ocorre na Arena Pantanal, em Cuiabá.
A Arena das Dunas têm públicos melhores do que os outros três estádios, com América e ABC, times tradicionais do Rio Grande do Norte, com torcedores apaixonados. Mas como esses times não conseguem voltar à elite do futebol brasileiro, o público local fica longe dos grandes jogos e equipes. Diferente, por exemplo, do estado vizinho Ceará, que tem a Arena Castelão em 2019 recebendo por duas vezes os grandes clubes brasileiros na Série A, já que Ceará em Fortaleza estarão juntos na primeira divisão.
Um outro argumento que poderá ser usado no início da Supercopa para jogos nas cidades das arenas subutilizadas é o de campo neutro. Um Palmeiras x Cruzeiro, por exemplo, para citar o jogo que ocorreria em 2019 se o confronto já existisse no calendário, seria menos interessante se ocorresse em São Paulo, mesmo se em outro estádio que não o Allianz Parque, ou no Mineirão.
Antes de definir as sedes a CBF vai vistoriar o estádios, portanto não há garantia de que as arenas citadas serão escolhidas. Pode ser que precisem de melhorias, a maioria pertence aos governos estaduais (com exceção da Arena das Dunas, que está concedida) e pode ser burocrático conseguir isso. Não estranhe, portanto, que a ideia não saia do papel e que a Supercopa ocorra inicialmente em grandes centros como São Paulo e Rio.
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Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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