Novo Mundial de Clubes deve ser aprovado, mas sem bilhões dos investidores
Marcel Rizzo
14/03/2019 04h00
O comitê da Fifa responsável por assessorar seu Conselho em assuntos relacionados a clubes de futebol se posicionou contrário a que se aceite o investimento privado de US$ 25 bilhões (R$ 95 bi) para comprar os direitos de um novo Mundial de Clubes, turbinado com 24 equipes a cada quatro anos. No relatório, porém, não há restrição à realização do torneio a partir de 2021, como deseja o presidente da federação internacional, Gianni Infantino. O assunto será debatido pelos 36 membros do Conselho nesta sexta (15), em reunião em Miami, e se seguir o texto do comitê pode ser aprovado, mas sem o dinheiro dos investidores misteriosos (a Fifa nunca revelou quem são).
O encontro dos membros do Comitê das Partes Interessadas do Futebol ocorreu no dia 28 de fevereiro, em Zurique. Presidido pelo canadense Vittorio Montagliani, presidente da Concacaf (Confederação das Américas do Norte. Central e Caribe), o grupo debateu sobre diversos assuntos, entre eles o Mundial de Clubes sonhado por Infantino — o ex-jogador Cafu é um dos 23 membros. Há duas preocupações sobre o investimento de empresas da Ásia e Oriente Médio (o jornal The New York Times publicou que o Softbank, do Japão, estaria envolvido, além de companhias da Arábia Saudita):
1 – A Fifa, portanto os clubes também, não teriam gerência sobre o dinheiro que entrasse para a competição. Se estão oferecendo US$ 25 bilhões por alguns anos de contrato, imagine-se que faturariam muito mais com o Mundial e uma Liga das Nações, esta de seleções que poderia ser jogada no intervalo das Copas do Mundo. Os membros do comitê avaliam que se o Mundial sair do papel é a Fifa, como sempre, que tem de vender as cotas comerciais, abrindo, inclusive, para os tais investidores comprarem se tiverem interesse.
2 – A questão técnica também pesou: pela primeira vez, ao vender os direitos da competição, a Fifa perderia o controle da organização de uma competição sob sua chancela. Os investidores poderiam, por exemplo, ter poder em decisões como sede de competição, participantes, etc. Isso incomodou demais os membros do comitê que analisaram o tema.
Se aprovado, o Mundial seria a partir de 2021 com 24 clubes — em 2019 e 2020 o torneio seguirá as regras atuais, com sete concorrentes, o campeão de cada confederação e um representante do país-sede. O Marrocos quer receber essas edições. O novo Mundial entraria no calendário no lugar da Copa das Confederações, campeonato de seleções que não dá retorno financeiro à Fifa e que parecia que teria sua última edição em 2021 com o enrosco do torneio de clubes, mas agora pode estar fadada a ser encerrada de vez.
Não está claro quantos participantes cada confederação teria. A Fifa gostaria de que metade, 12, fossem europeus e que alguns até participassem por convite, para garantir que os mais tradicionais estivessem presente. A Uefa (União Europeia de Futebol) nunca gostou da ideia do Mundial por achar que seria concorrência com a Liga dos Campeões, sua galinha de ovos de ouro. A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) preferia um torneio anual, com 16 concorrentes, mas pode ser convencida a ceder para o quadrienal se tiver seis vagas. O Grêmio, campeão da Libertadores em 2017, deve ter vaga no Mundial de 2021 se ele sair do papel.
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Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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