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Copa-2022 pode ter pênaltis para evitar 'marmelada' em fase de grupos cheia

Marcel Rizzo

19/03/2019 04h00

Rússia venceu Espanha nos pênaltis nas oitavas da Copa-2018. Desempate por cobranças penais podem valer já para a primeira fase em 2022 (Crédito: EFE)

A possível antecipação do inchaço de participantes da Copa do Mundo de 32 para 48 já na próxima edição, a de 2022 no Qatar, fará com que a Fifa tenha que quebrar a cabeça para um detalhe no regulamento com o qual só se preocuparia daqui alguns anos, na Copa-2026 nos EUA, México e Canadá, que já tem 48 seleções confirmadas: uma maneira de evitar 'marmelada' no cenário de grupos com três equipes cada.

Na sexta-feira (15), em Miami, o Conselho da Fifa aprovou o relatório que dá o aval ao aumento do número de participantes no Qatar, que teria que dividir alguns jogos com países vizinhos (Omã e Kuwait são opções). O Congresso da entidade, no dia 5 de junho, em Paris, define de uma vez se haverá a mudança, claro, com a necessidade do sim dos qatarianos.

No documento, há a explícita preocupação com os problemas que um regulamento com 16 grupos de três seleções, com as duas melhores passando para a segunda fase, pode apresentar: times fazendo jogos de "compadre", aquele empate perfeito na última rodada para ambos se classificarem. Discretamente o texto aponta o que seria uma das soluções: não haver empate também na primeira fase, todo jogo em igualdade decidindo nos pênaltis quem fica com os três pontos.

Brasil e Dinamarca, nesse exemplo, poderiam simplesmente empatar e ambos estariam classificados e satisfeitos na segunda fase. É a possibilidade de um jogo em que um resultado interesse aos dois times o que a Fifa terá que quebrar a cabeça para impedir. No relatório apresentado a federação diz que, por motivos óbvios (grupo com número ímpar de seleções), é impossível ter uma rodada final com todos os times da chave em campo, no mesmo dia e horário, como ocorreu nas Copas do Mundo recentes com 32 times.

Isso é feito, na verdade, desde 1986 (no México), ainda com 24 participantes, depois que em 1982 (na Espanha) Alemanha e Áustria conseguiram exatamente o resultado necessário, 1 a 0 para os alemães, para classificar ambos e eliminar a Argélia — até hoje é conhecido como o "jogo da vergonha" pela nítida má vontade dos times dentro de campo. Os argelinos haviam encarado os chilenos um dias antes. A partir de então a Fifa sempre marcou simultaneamente as partidas de terceira rodada dos grupos.

No texto entregue aos membros do seu Conselho sobre o aumento do número de participantes da Copa já em 2022, a Fifa coloca que já busca soluções contra qualquer problema que o regulamento apresente na fase de grupos (ela evita falar em jogos arranjados) e cita a possibilidade de todo confronto que terminar empatado nos 90 minutos ter uma disputa por pênaltis para ver quem de fato fica com os três pontos. Isso ajudaria a evitar arranjo na rodada final.

Repetindo o fictício grupo do Brasil com a regra dos penais: a seleção vence por 1 a 0 os EUA na primeira partida, e na segunda americanos e dinamarqueses ficam no 0 a 0, o que leva para os pênaltis. Qualquer um que vença faz o jogo Brasil x Dinamarca, na última rodada, ter importância. Se der EUA nas cobranças penais, a Dinamarca precisa vencer  o Brasil para avançar, e os brasileiros também para evitar um empate triplo na chave (aí a Fifa teria que se virar para decidir os classificados num empate entre os três). Se os europeus baterem os americanos nas penalidades, definem contra o Brasil a primeira posição da chave, evitando também que haja corpo mole no confronto final.

O tema é complexo e mesmo com a decisão de pênaltis pode gerar confusão com empates triplos na chave e questões relacionadas a saldo de gols. A Fifa só teria que se preocupar com isso em 2023, ou até mais próximo do torneio em 2026. Agora, se em junho o Congresso aumentar os participantes já para 2022, essa definição será para os próximos meses.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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