Semana 'insana' frustra Brasileiro menos letal aos treinadores desde 2006
Marcel Rizzo
30/09/2019 04h00
Quatro técnicos deixando o cargo após uma rodada do Brasileiro não é inédito, apesar do frenesi causado pelas saídas de Cuca (São Paulo), Rogério Ceni (Cruzeiro), Zé Ricardo (Fortaleza) e Oswaldo de Oliveira (Fluminense) em menos de 24 horas entre quinta (26) e sexta (27). As mudanças, porém, frearam movimento que deixava a Série A de 2019 como a menos letal a treinadores na era dos pontos corridos com 20 clubes. Até a 22ª rodada foram 14 trocas, eram 10 portanto antes dos dias insanos, mas agora a edição atual perde para a de 2012, que teve 11 mudanças até a mesma 22ª rodada.
Ainda há possibilidade de o torneio de 2019 terminar com o que teve menos trocas, posto hoje que pertence ao de 2012, com 19 no total. Mas há uma tendência no Nacional de que nos meses de outubro e novembro se intensifiquem demissões principalmente em times que correm risco de rebaixamento. É o chamado "efeito motivacional" no elenco que cartolas tentam fazer com trocas de treinadores, tentando o fôlego final na competição.
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Quatro técnicos demitidos após uma mesma rodada da Série A é até comum. Em 2018 teve após a 12ª, com uma particularidade: foi a última antes da parada para a Copa do Mundo da Rússia, ou seja, os times aproveitaram a intertemporada para mudar. O Athletico-PR (que ainda era Atlético) demitiu Fernando Diniz, Abel Braga pediu demissão do Fluminense, Enderson Moreira deixou o América-MG para assumir o Bahia e Alberto Valentim largou o Botafogo por trabalho no Egito. O efeito, porém, não foi tão impactante porque foram anúncios diluídos. Diniz, por exemplo, só foi demitido em 25 de junho, na reapresentação do time, nove dias depois da saída de Abel.
Em 2016 também ocorreram quatro mudanças após uma mesma rodada, a 15ª: o Atlético-MG demitiu Roger Machado, o Coritiba, Pachequinho, o Vitória, Alexandre Gallo e o Atlético-GO, Doriva. Impacto também menor, por algumas circunstâncias: em 2019, três dos times de maior torcida do Brasil fizeram mudanças, com peculiaridades como a briga de Ganso com Oswaldo de Oliveira e o boicote de parte do elenco do Cruzeiro a Rogério Ceni.
Houve também o fato de que dois dos demitidos, Ceni no Cruzeiro e Zé Ricardo no Fortaleza, assumiram os times havia pouco tempo — aliás, Zé Ricardo só caiu porque o Fortaleza viu na saída de Ceni em Belo Horizonte a chance de reintegrar seu antigo profissional. Cuca pediu demissão no São Paulo, algo que havia feito também algumas vezes no Palmeiras, mas ao contrário do clube alviverde, que o convencia a ficar, a diretoria são-paulina aceitou o sim.
2019 ainda pode se tornar o ano menos letal a treinadores no futebol brasileiro, mas o diagnóstico, após o que aconteceu na semana passada, é que é mais por circunstâncias do que por uma mudança de estratégia dos clubes.
MUDANÇAS DE TÉCNICOS NO BRASILEIRO (A PARTIR DE 2006, PONTOS CORRIDOS COM 20 TIMES E 38 RODADAS)
2019 – 14 (até a rodada 22)
2018 – 29 no total (19 até a rodada 22)
2017 – 23 (16 até a rodada 22)
2016 – 29 (17 até a 22 rodada)
2015 – 32 (18 até a rodada 22)
2014 – 23 (19 até a rodada 22)
2013 – 24 (17 até a rodada 22)
2012 – 19 (11 até rodada 22)
2011 – 21 (15 até a rodada 22)
2010 – 32 (21 até a rodada 22)
2009 – 22 (19 até a rodada 22)
2008 – 27 (23 ate a rodada 22)
2007 – 32 (21 até a rodada 22)
2006 – 33 (24 até a rodada 22)
Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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