Briga contra a degola aumenta vítimas e iguala média de demissões no BR
Marcel Rizzo
30/11/2019 04h00
O Brasileiro contabilizava 14 trocas de técnicos até a 22ª rodada e o blog mostrava no fim de setembro que 2019 poderia se tornar a edição menos letal para os treinadores desde 2006, quando começaram os pontos corridos com 38 rodadas. Pois não será. O risco do rebaixamento, como sempre, triturou profissionais e as saídas de Adilson Batista do Ceará, de Abel Braga do Cruzeiro e de Argel Fucks do CSA elevaram para 24 as trocas na Série A este ano, longe ainda das 29 de 2018, mas já superando as 23 de 2017.
As mudanças não são apenas por demissões e na conta entra quando o técnico decide sair, como Argel ao deixar o CSA pelo Ceará. Desde 2006 o ano com menos trocas foi 2012, com 19 — o 2019 que prometia ser leve já ultrapassou em cinco esse número e ainda faltam três rodadas para o fim. O mais letal foi 2006, com 33. O Brasileiro-2019 igualou a média de trocas de treinadores desde 2006, que é de 24 por temporada.
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Os clubes rejeitaram nas duas últimas temporadas proposta da CBF de, alguma forma, regulamentar a substituição de treinadores no Brasileiro. Cartolas alegam que seria uma ingerência na administração das equipes e diferente, por exemplo, de limitar quantidade de jogadores ou adotar um prazo para esses atletas serem inscritos. Isso está na regra, mas engloba mais de 30 profissionais por elenco, e não apenas um como é o caso do treinador.
A Federação Paulista de Futebol colocou nos dois últimos anos no regulamento de seu principal campeonato que um clube não pode contratar um técnico que já tenha trabalhado naquele torneio. Por essa regra, Adilson Batista não poderia sair do Ceará e ir para o Cruzeiro ou Argel deixar o CSA pelo Ceará.
A FPF também obriga aos clubes que demitirem um treinador a apresentação da quitação dos direitos trabalhistas para contratar por outro profissional. Segundo levantamento da entidade, na edição de 2016 houve a troca de 14 técnicos, caindo depois para seis em 2017 e quatro em 2018 e 2019 — com a ressalva que em 2016 ainda eram 20 participantes, hoje são 16.
O tema certamente estará no conselho técnico da Série A para 2020, realizado normalmente em fevereiro. Os clubes novamente que decidirão se incluem algo no regulamento ou mantêm tudo como está.
MUDANÇAS DE TÉCNICOS NO BRASILEIRO (A PARTIR DE 2006, PONTOS CORRIDOS COM 20 TIMES E 38 RODADAS)
2019 – 24 (até a rodada 35)
2018 – 29 no total
2017 – 23
2016 – 29
2015 – 32
2014 – 23
2013 – 24
2012 – 19
2011 – 21
2010 – 32
2009 – 22
2008 – 27
2007 – 32
2006 – 33
Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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