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CBF usa 20% do dinheiro de legado da Copa-14 após Fifa descongelar repasse

Marcel Rizzo

25/12/2019 04h00

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) gastou até agora R$ 49 milhões do dinheiro do legado da Copa do Mundo de 2014 — os dados são até 31 de outubro de 2019. A maior parte foi usada em infraestrutura, na base do futebol masculino e no futebol feminino em geral e representa pouco mais de 20% dos R$ 240 milhões que a entidade avalia que terá no total. A Fifa ainda não enviou todo o valor acordado quando o Brasil ganhou a sede do Mundial.

Em janeiro de 2019 CBF e Fifa anunciaram o descongelamento dos US$ 100 milhões do legado, o dinheiro que a federação internacional reserva de seu lucro com a Copa para ser investido no país-sede. O repasse foi paralisado depois das denúncias de corrupção que envolveram a CBF. Até agora foram enviados US$ 34 milhões, sendo US$ 25 milhões este ano somados aos US$ 9 mi pagos antes de estourar o Fifagate. Por contrato a cotação usada para converter os US$ 100 mi é R$ 3,76, portanto a CBF conta com R$ 376 milhões bruto — após pagar impostos, o líquido ficará em R$ 240 milhões.

Até o momento, os R$ 49 milhões já usados foram divididos assim:

– R$ 15 milhões em infraestrutura (total orçado é de R$ 113 milhões)

– R$ 15 milhões em futebol de base masculino (total é de R$ 48 milhões)

– R$ 15 milhões em futebol feminino (total é de R$ 48 milhões)

– R$ 1 milhão em medicina esportiva (total é de 13 milhões)

– R$ 2 milhões em projetos sociais (total é de R$ 12 milhões)

– R$ 1 milhão na administração dos projetos e recursos (total é de R$ 6 milhões)

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O principal projeto do legado sempre foi a construção de centros de treinamento com foco na formação de jogadores nos 15 estados que não receberam partidas do Mundial-2014. Somente um até agora saiu do papel, em Belém do Pará, antes ainda das denúncias de corrupção estourarem. Em maio de 2015 dezenas de cartolas foram presos, inclusive o ex-presidente da CBF José Maria Marin.

Após Marin ser preso e as acusações do departamento de Justiça dos EUA de que Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, também ex-presidentes da CBF, participaram do recebimento de propinas para vender direitos comerciais de torneios de futebol no Brasil e na América do Sul, a Fifa decidiu reter o dinheiro do fundo, além de pagamentos ocasionais feitos à confederação como premiações por participações em campeonatos. Só houve acordo para liberação em 2018, quando o então secretário-geral da CBF Rogério Caboclo foi eleito presidente. Ele tomou posse em abril de 2019, três meses após a Fifa voltar a pagar pelo legado.

Segundo a CBF o dinheiro já recebido serviu, por exemplo, para a realização dos campeonatos femininos que a entidade organizou em 2019, como os Brasileiros das Séries A-1 e A-2 além de torneios de base como o Sub-18. O investimento do fundo de legado da Copa do Mundo de 2014, ainda segundo a entidade, contemplou a logística dos jogos, como transporte e hospedagem, remuneração da arbitragem, disponibilidade das ambulâncias, transmissões das partidas e outros custos operacionais.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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