Fifa punirá severamente racismo nas eliminatórias. Mas não só racismo...
Marcel Rizzo
30/12/2019 04h00
Hong Kong x Bahrein empataram sem gols em 14 de novembro pelas eliminatórias asiáticas para a Copa do Qatar-2022. Ao final da partida o zagueiro Sayed Baqer, do Bahrein, se virou para os torcedores do time da casa e fechou os olhos, ato considerado racista ao imitar de maneira pejorativa uma característica física dos adversários. A TV flagrou e o Comitê Disciplinar da Fifa não aliviou: Baqer foi suspenso por dez jogos, o que vai deixá-lo fora de quase todo o resto da competição (só volta na reta final da terceira fase, se o Bahrein avançar), e sua federação foi multada em R$ 125 mil.
A Fifa avisou aos filiados que seu comitê disciplinar pretende trabalhar mais forte contra o racismo nestas eliminatórias. Por enquanto somente a Ásia e a África iniciaram seus qualificatórios e o caso de Baqer foi o único de racismo punido. A entidade já esperava isso: asiáticos e africanos têm histórico menor em casos de discriminação. A preocupação aumentará quando começarem os confrontos na Europa, no segundo semestre de 2020, e na América do Sul, em março de 2020, principalmente para racismo entre os europeus e homofobia para os sul-americanos.
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Os árbitros estão orientados a seguir os três passos contra a discriminação em casos de manifestação de torcedores: no primeiro, o jogo é paralisado e avisos nos telões e alto-falantes pedem para a torcida parar com as ofensas; no segundo, a partida para novamente, mas por mais tempo e os jogadores descem aos vestiários — novos avisos são dados. Caso não cessem, o terceiro passo é encerrar definitivamente o confronto.
Mas não é contra discriminação somente que a Fifa vai apertar as seleções nessas eliminatórias. O aviso dado é que situações que aparecem no Código de Disciplina e antes eram deixados de lado serão analisados e julgados, se necessário. Para algumas situações menos graves num primeiro momento será dada uma advertência, mas em caso de reincidência haverá multa e até punições mais severas, como jogar com portões fechados.
Por exemplo: a Fifa não quer mais manifestações desrespeitosas durante a execução dos hinos nacionais. Bahrein, Hong Kong e Iraque já receberam advertências porque seus torcedores vaiaram os adversários durante o pré-jogo. Já o Irã foi advertido porque seus jogadores e membros da comissão técnica não trocaram apertos de mão com os adversários, o Bahrein, em partida de 15 de outubro. Casos como esses eram ignorados, mas agora a Fifa pretende advertir, e até multar, por uma reeducação, apurou o blog.
Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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