Europa freia ideia da Fifa e aprovação de novo Mundial de Clubes é adiada
A Uefa (União Europeia de Futebol) conseguiu convencer membros do Conselho da Fifa a adiarem qualquer decisão sobre a criação de dois novos torneios de futebol: um Mundial de Clube com mais participantes do que os atuais sete e uma Liga das Nações de seleções, que seria uma espécie de mini-Copa do Mundo a cada dois anos. Os europeus são contra o inchaço do calendário e deixaram isso bem claro na reunião ocorrida nesta sexta (26) em Kigali, na Ruanda. Eles temem também que um novo Mundial de Clubes concorra com a Liga dos Campeões.
Uma força-tarefa, que desde o início do ano é cogitada, deverá ser criada finalmente para analisar o impacto dos torneios no calendário e na receita de confederações e clubes (será formada pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, e pelos seis presidentes das confederações continentais). Desde o fim de 2017 a cúpula diz ter uma proposta de US$ 25 bilhões (R$ 94 bilhões) de empresas privadas que gostariam de patrocinar os torneios — seria a primeira vez que a Fifa abriria mão de recursos próprios para realizar competições.
O conglomerado japonês SoftBank lidera o grupo, mas a possibilidade de ter envolvido dinheiro do governo da Arábia Saudita, que vive crise política com a morte de um jornalista dissidente, não caiu bem entre membros do Conselho da Fifa. A entidade nega que haja receita governamental no montante oferecido.
Nem mesmo o périplo a clubes europeus que fez o presidente da Fifa, Gianni Infantino, nos últimos meses adiantou para que a resistência do continente minasse. Em conversa com dirigentes de times como Barcelona, Real Madrid, Manchester Unites, Juventus e Bayern de Munique o cartola prometeu receitas gordas e a garantia da participação desses times nas primeira edições do novo Mundial de Clubes, mesmo se não obtivessem a vaga por critérios técnicos. A ideia era ter as equipes mais tradicionais em campo, o que atrairia maiores investimentos.
O presidente da Uefa, o esloveno Aleksander Ceferin, faz clara oposição a Infantino, de quem foi colega na direção da Uefa quando o presidente da Fifa era secretário-geral da união europeia. Os europeus se anteciparam à Fifa e criaram a sua Liga das Nações de seleções, que já tem a primeira edição em andamento. Isso gerou problemas a outras confederações que não têm tido datas para enfrentar europeus em amistosos.
A Uefa acredita que um novo Mundial de Clubes disputado por 24 equipes entre julho e agosto atrapalharia a pré-temporada das equipes europeias. Inicialmente Infantino queria propor um torneio a cada quatro anos, nos ímpares anteriores às Copas do Mundo, data que era reservada a Copa das Confederações, torneio de seleções que acabará. Depois veio a possibilidade de o Mundial ser anual, como é atualmente mas mudando de dezembro para o meio do ano e aumentando os participantes de sete para 24.
Nove dos 37 membros do Conselho fazem parte da Europa, portanto o continente é o que tem mais cadeiras. A América do Sul, por exemplo, tem cinco, entre eles o brasileiro Fernando Sarney, que também é vice-presidente da CBF. A Conmebol é favorável a criação das competições, mas também quer uma análise criteriosa do calendário.
O Conselho da Fifa decidiu nesta sexta, entre outros assuntos, sedes de alguns torneios como o Mundial de Futebol de Areia 2019 (que será no Paraguai) e do Mundial de Futsal de 2020 (na Lituânia). Também acertou a liberação do fundo do legado da Copa-2014 para a CBF, como mostrou o blog no começo da semana.
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