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Marcel Rizzo

Ranking da Libertadores é mais justo do que Sul-Americana para ir a Mundial

Marcel Rizzo

16/03/2019 04h00

Troféu do atual Mundial de Clubes da Fifa (Crédito: Divulgação)

Quatro das seis vagas que a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) terá no Mundial de Clubes quadrienal turbinado com 24 times, que o Conselho da Fifa aprovou a partir de 2021, devem ser dos campeões da Libertadores. No caso da primeira edição entrariam os vencedores de 2017 (Grêmio), 2018 (River Plate), 2019 e 2020 — como o Mundial aparecerá no calendário em junho e julho, a Libertadores-2021 estará em andamento e esse campeão só jogará o de 2025 se o que foi aprovado pela Fifa nesta sexta (15) se mantiver — lembrando que os europeus ainda são contra.

A Conmebol precisa decidir qual o critério para apontar seus dois outros participantes, o que deve ocorrer em reunião na próxima semana. Dentro da entidade há quem defenda que os campeões da Sul-Americana sejam os indicados, mas há outros que preferem que o ranking da Libertadores seja usado. Apesar de parecer mais subjetivo, o ranking pode ser mais justo do que dar a vaga aos campeões do segundo torneio de clubes do continente.

A Copa Sul-Americana é disputada por times que obtiveram posições intermediárias nos torneios nacionais. Pegue o Brasil como exemplo: o 14º colocado da Série A em 2018 se garantiu na Sul-Americana-2019. A Chapecoense somou 44 pontos na tabela, apenas dois a mais do que o Sport, o 17º e primeiro na lista de quatro rebaixados. A Chape já está fora da competição, eliminada logo na primeira fase pelo Unión La Calera, do Chile, mas mesmo após uma campanha péssima no Nacional pode ter ganho o direito de disputar vaga no milionário Mundial, mesmo que não soubesse.

Há também outra questão com relação a dar a vaga via Sul-Americana: a decisão vai ocorrer com o torneio já em andamento, com alguns times já eliminados. O Santos caiu para o River Plate do Uruguai na primeira fase sem saber da possibilidade de o título levar para o Mundial (ainda sem sede definida). O investimento do clube teria sido outro na competição?

O ranking da Libertadores é usado, basicamente, para definir cabeças-de-chave e posicionamento na distribuição de confrontos e divisão de grupos da competição. Tem um cálculo bem confuso, como costumam ser esses rankings que confederações elaboram, que engloba performance nos últimos dez anos na competição, um coeficiente histórico dos anteriores e campanha no torneio nacional. Mas pode ser considerado mais justo do que dar a posição ao campeão da Sul-Americana por dois motivos, ao menos: leva em consideração, por exemplo, se o time foi bem ou mal na elite do último campeonato local e dá pontos a colocações recentes na própria Libertadores.

O ranking publicado em dezembro de 2018, que desenhou os grupos da Libertadores em 2019, tem o River Plate na ponta e o Grêmio, em terceiro. Levando em conta que esses dois times já estão no Mundial 2021 pelos títulos das Libertadores recentes, e ainda aguardando os campeões de 2019 e 2020, os outros dois mais bem colocados seriam o Boca Juniors (2º) e o Atlético Nacional da Colômbia (4º). Entre os dez primeiros, há quatro outros brasileiros: Palmeiras (7º), Santos (8º), Cruzeiro (9º) e Atlético-MG (10º). Destes, somente o Santos não está na edição 2019.

Imagine o Palmeiras não ganhando a Libertadores em 2019 ou 2020, mas chegando duas vezes na final e ganhando mais um Brasileiro no intervalo. Provavelmente teria pontuação para ser indicado ao Mundial no ranking de dezembro de 2020. Seria mais justo do que classificar o campeão da Sul-Americana de 2019? A Conmebol vai responder.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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