Relatório da Fifa explica Modric como melhor da Copa-2018: faltou o craque
Luka Modric mereceu ser escolhido o melhor jogador da Copa do Mundo de 2018? A pergunta ecoa há mais de oito meses, quando o Mundial na Rússia terminou em 15 de julho, a França foi campeã, a Croácia vice, e o meio-campista recebeu o prêmio. Pouco mais de dois meses depois do torneio, em 24 de setembro, o jogador do Real Madrid ampliou a galeria de troféus de sua casa com o título de melhor do mundo pela Fifa, fazendo com que pela primeira vez em dez anos a honra não ficasse com Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo. Notadamente teve peso nesta segunda escolha o fato de ele ter sido eleito o craque da Copa.
O relatório produzido pelo grupo de estudo técnico da Fifa que acompanhou de perto o torneio em solo russo, presidido pelo brasileiro Carlos Alberto Parreira, técnico campeão do mundo em 1994 nos Estados Unidos, tentou explicar por que Modric foi escolhido o melhor do Mundial: não houve, na visão do grupo, um craque decisivo na Copa da Rússia e faltou, também, o chamado "playmaker", aquele atleta que constrói a jogada e leva o time nas costas. A exceção, nesse segundo caso, foi Modric, que na opinião dos contratados da Fifa se destacou pela importância que teve ao levar a Croácia pela primeira vez a uma final.
Foram os membros deste grupo, que tinha o ex-centroavante holandês Marco Van Basten e o treinador Bora Milutinovic, que esteve em quatro Copas do Mundo por quatro seleções diferentes, que escolheram de fato os três melhores da Copa: na ordem, Modric, o belga Hazard e o francês Griezmann. Outro campeão, Mbappé, foi eleito a revelação, e o belga Courtois o melhor goleiro. A polêmica, porém, ficou mesmo para o troféu de Modric.
Escreveram os membros do grupo de estudo técnico em seu relatório: "Vimos menos dos chamados 'playmakers' nesta Copa do Mundo, talvez como resultado da maneira como as equipes se portaram em campo [atuando mais coletivamente]. No entanto, ainda havia alguns indivíduos nesta área. Pogba, da França, se destacou, mas Luka Modric deu show". Na sequência, o texto explica o que considerou o show de Modric, o comparando a atletas importantes de seleções campeãs do mundo em Copas anteriores,
"Com sua incrível técnica e consciência tática, Modrić ditou o ritmo dos jogos, defendeu, atacou e até marcou gols. Ele foi tão importante para a Croácia que você não pode imaginar eles sem ele no meio-campo. Sua contribuição foi crucial para levar a equipe até a final. Os três times anteriores vencedores da Copa do Mundo tiveram criadores proeminentes. Andrea Pirlo foi instrumental para a Itália em 2006, vimos Andrés Iniesta e Xavi controlando o ritmo do jogo para a Espanha em 2010 e Bastian Schweinsteiger desempenhando com sucesso um papel semelhante para a Alemanha quatro anos atrás no Brasil", diz o relatório.
Pirlo, Iniesta, Xavi ou Schweinsteiger se comparados, por exemplo, a Messi e Cristiano Ronaldo estão patamares abaixo. Tanto que nenhum deles obteve o troféu de melhor do mundo da Fifa. Mas foram fundamentais nas conquistas dos Mundiais por sua seleções, levando em algum momento seus times nas costas. Por isso, são considerados "playmakers".
E quem foram os craques decisivos em Copas anteriores às citadas? Ronaldo em 2002? Zidane em 1998? Maradona, com certeza, em 1986. Na visão do grupo escolhido pela Fifa para avaliar a Copa taticamente e tecnicamente e escolher os melhores, um Mundial que não teve os craques presentes nele sendo decisivos (Messi e Ronaldo) fez com que um ótimo jogador, importante no desempenho de sua equipe, fosse eleito como o melhor.
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