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Marcel Rizzo

Mundial de Clubes: influência do River pode dar vaga a vice da Libertadores

Marcel Rizzo

25/11/2019 04h00

O bom relacionamento da diretoria do River Plate com a cúpula da Conmebol deve ajudar a confederação sul-americana a decidir como indicará seus dois últimos representantes ao novo Mundial de Clubes da Fifa, que estreará em 2021, na China, turbinado com 24 times, seis deles da América do Sul. Agrada também a Fifa já ter um time de massa argentino na competição, portanto indicar os vices das Libertadores de 2019 e 2020 aparece, hoje, como a saída óbvia para a Conmebol. O River, mesmo com a derrota para o Flamengo na final única deste sábado (23), já estaria dentro do Mundial neste cenário.

As quatro primeiras vaga ficarão com os campeões da Libertadores e da Sul-Americana em 2019 e 2020, então Flamengo e Independiente Del Valle já estão dentro, apesar de ainda não ter uma posição oficial da entidade (que, apesar disso, parabenizou os times nos telões após as finais únicas em Lima, que deu a taça da Libertadores aos brasileiros, e de Assunção, que consagrou os equatorianos campeões da Sul-Americana) .

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O River é hoje, disparado, o clube mais influente dentro da Conmebol. A relação de confiança entre Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol, e Rodolfo D'Onofrio, presidente do River, começou em agosto de 2016. Naquele momento, Dominguez sofria com clubes revoltados por melhores cotas nos torneios e que se organizavam para a criação de uma Liga Sul-Americana, independente à Conmebol.

Um dos cabeças dessa liga era Daniel Angelici, presidente do Boca Jrs. D'Onofrio ajudou Dominguez a desarticular a Liga e se tornou um dos principais conselheiros do presidente da Conmebol. Como reconhecimento, o dirigente do River recebeu cargo em comissão da Fifa, a de Interesse do Futebol, que faz recomendações ao Conselho sobre todas as esferas relacionadas ao jogo — é raro um cartola na ativa ocupar posto como este.

Nas reuniões na entidade, o presidente do River é talvez a voz mais respeitada, mesmo não tendo prestígio dentro da AFA. Isso pode ser visto na final de 2018 na disputa em torno do imbróglio da agressão a jogadores do Boca Juniors. Pelo menos evitou uma punição mais dura que comprometeria o título. Por isso quem conhece os bastidores da Conmebol vê como favas contadas que a Conmebol confirmará os vices, o que beneficiará o River Plate.

Mas isso também agrada à Fifa, que quer ter os melhores times em seu primeiro Mundial turbinado. É preciso que seja um sucesso comercial para que se mantenha, já que será quadrienal, sempre no ano anterior às Copas do Mundo no buraco do calendário aberto com o fim da Copa das Confederações, torneio de seleções que não dava lucro à Fifa. Em recente reunião com representantes de clubes e confederações, Gianni Infantino, presidente da Fifa, disse que seria interessantíssimo ter dois times de massa como Flamengo e River Plate no primeiro mundial, quase como um recado para que a Conmebol tome o caminho da indicação dos vices.

A Uefa (União Europeia de Futebol) indicará somente campeões, os oito vencedores da Liga dos Campeões e da Liga Europa entre as temporadas 2017/2018 e 2020/2021, mas a Fifa não se importaria em ter os vices da Libertadores, já que é o principal campeonato da América do Sul. Pela Europa, Real Madrid, Liverpool, Atlético de Madri e Chelsea já estão dentro do Mundial da China, nomes muito agradáveis à Fifa.

A Conmebol não desistiu de criar uma Supercopa dos campeões da Libertadores, mesmo porque a ideia é para aumentar receitas, estima-se na casa dos R$ 40 milhões. CBF e AFA torceram o nariz por causa de calendário — algo que pode ser revisto dependendo das cotas. O Mundial de Clubes no formato atual com sete participantes, o campeão de cada confederação mais um representante do país-sede, será disputado ainda em 2019, com o Flamengo, e 2020 no Qatar. A partir de 2021 só a cada quatro anos.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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