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Um a menos: Fifa vai convencer China a desistir de Copa por América do Sul

Marcel Rizzo

21/05/2018 09h50

O mal-estar entre o presidente da Fifa, Gianni Infantino, e a Uefa (União Europeia de Futebol) e federações do continente devido às propostas de inchaço no calendário com dois novos torneios (um de seleções e um Mundial de Clubes turbinado) aproximou o cartola principalmente das associações das Américas.

Isso fez com que a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) se animasse com a possibilidade de receber a Copa do Mundo de 2030, com sua candidatura tripla de Argentina, Uruguai e Paraguai, e que aparentemente receberia concorrentes de peso como a China e a Inglaterra. Os chineses, pelo menos, podem sair do páreo e a aproximação de Infantino com os sul-americanos explica muito isso.

Principal parceira comercial da Fifa atualmente, com várias empresas injetando dinheiro na entidade, a China está praticamente convencida a atrasar sua candidatura de 2030 para 2034. A informação foi repassada a dirigentes sul-americanos há dez dias, em Assunção, na reunião extraordinária que reelegeu o paraguaio Alejandro Dominguez como presidente da Conmebol. Infantino estava presente.

O presidente da Fifa, aliás, esteve na América do Sul duas vezes em menos de um mês, já que em 12 de abril participou, em Buenos Aires, do Congresso da Conmebol. Foi nesse encontro que os dirigentes das dez federações da América do Sul, incluindo o Brasil, apresentaram à Fifa uma proposta de elevar de 32 para 48 participantes em Copas do Mundo já no Mundial de 2022, no Qatar, e não apenas no de 2026, como já está acertado. Politicamente essa jogada pode ser fundamental para o futuro de Infantino na Fifa.

A possibilidade de se criar um grupo de estudo para avaliar a viabilidade desse projeto será colocado em votação no Congresso da Fifa, dia 13 de junho em Moscou — véspera da abertura da Copa da Rússia. Se aprovado, será uma vitória de Infantino que vê nesse inchaço antecipado do Mundial a possibilidade de agradar não só os sul-americanos, mas também africanos e asiáticos, e tem objetivo claro: ganhar votos na eleição presidencial de 2019.

Há nos bastidores da Fifa a quase certeza de que a Europa lançará no ano que vem um rival para confrontar Infantino na eleição — algo impensável anos atrás, já que o suíço foi por anos secretário-geral justamente da Uefa. Não seria necessariamente um europeu, e pode ser até um candidato nascido em outro continente, o que deixaria o xadrez desse pleito ainda mais indefinido.

Esse confronto com os europeus ainda é a pedra no sapato da candidatura sul-americana para receber o centenário das Copas em 2030 porque a Inglaterra quer levar esse Mundial. A definição poderá ocorrer em 2020, já sob mandato de um novo presidente. Por isso a eleição de 2019 valerá, muito, para saber quem terá a máquina de poder na Fifa no momento em que a sede for escolhida.

Em 13 de junho, durante o Congresso da Fifa, será escolhida a sede da Copa de 2026 — votarão as 211 associações filiadas. A candidatura favorita é a da Concacaf (Américas do Norte, Central e Caribe), com EUA, Canadá e México lutando juntos pelo posto. O adversário é Marrocos. Se a América vencer, há quem aposte que nem Infantino, nem inchaço de Copa irá fazer com que quatro anos depois o Mundial siga no continente, mesmo que no Sul. Mesmo assim a Conmebol anunciou que votará em bloco na candidatura da Concacaf.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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