Conmebol cria 'grupo de crise' contra o caos de segurança na Libertadores
Marcel Rizzo
19/12/2018 04h00
Depois de toda a confusão do cancelamento da final da Libertadores entre River Plate e Boca Juniors, que teve que ser realizada em Madri por questões de segurança, a Conmebol criou o chamado "grupo de crise" para partidas de suas competições que tenham alguma emergência e a possibilidade de adiamento ou cancelamento. A novidade está incluída no texto do Regulamento de Segurança 2019, documento inédito lançado pela confederação sul-americana na esteira dos problemas ocorridos em Buenos Aires.
Os procedimentos para gestão de crise em casos como o que aconteceu no Monumental de Nuñez, que teve o jogo cancelado depois de o ônibus do Boca ter sido atacado por torcedores rivais, foram incluídos no regulamento de segurança justamente para tentar coordenar ações em situações emergenciais, algo que foi considerado caótico em 24 de novembro: antes de se decidir pelo cancelamento, o horário da partida foi atrasado duas vezes e os torcedores no estádio não tinham retorno preciso sobre o que estava ocorrendo, muitos ficando quase sete horas nas arquibancadas esperando um jogo que jamais ocorreu.
O procedimento após o adiamento para o dia seguinte, domingo dia 25 de novembro, também foi considerado desastroso pela Conmebol, já que a partida novamente não ocorreu e muitos torcedores do River (era torcida única por determinação das autoridades argentinas) novamente se deslocaram, à toa, ao Monumental de Nuñez.
O grupo de crise, se necessário, será formado por oficiais que devem estar presentes no estádio: o delegado da partida, o oficial de segurança da Conmebol (que é indicado, antes do início da competição, pelas associações membro para quando seus times forem os mandantes), o oficial de polícia responsável naquele evento, bombeiros, os administradores do estádio e o árbitro (se necessário). Serão eles que decidirão se a partida terá prosseguimento, será adiada ou cancelada em casos como o que ocorreu no Monumental de Nuñez este ano.
A convocação, diz o documento, se dá por maneira curiosa: um breve sinal de aviso codificado, combinado anteriormente, o qual será emitido pelo sistema de alto-falantes do estádio, para que se dirijam ao lugar de reunião acordado. Na sala, terão quatro procedimentos a seguir, sempre segundo o regulamento de segurança: ver a origem da crise, analisar a crise (ver o alcance e os problemas que pode causar), identificar soluções (podendo, se preciso, consultar a alta cúpula da Conmebol) e, por último, executar a ação, que pode ser adiar ou cancelar o jogo.
Há, no roteiro, as responsabilidades para definir o andamento ou não de uma partida, dependendo da emergência detectada: se for causas naturais (chuva forte, por exemplo), essa decisão é exclusiva da equipe de arbitragem. Já em casos de falhas estruturais do estádio (risco de a arquibancada ceder) é o grupo de crise que analisa. Assim como a "alteração de ordem pública na parte externa", que se aplicaria ao caso ocorrido na final entre River x Boca.
Há também situações de ordem pública na arquibancada, que seria uma decisão conjunta da equipe de arbitragem e do grupo de crise, e invasão de campo e arremesso de objetos no gramado, responsabilidades dos árbitros e dos oficiais da Conmebol. Todas as situações preveem um tempo máximo de 45 minutos de interrupção do jogo para análise.
A avaliação na cúpula da entidade sul-americana é que se esse grupo de crise já funcionasse dessa maneira no jogo do Monumental de Nuñez poderia ter se evitado a demora na decisão de cancelar o jogo e até de remarcá-lo para o dia seguinte.
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Sobre o Autor
Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.
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