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Marcel Rizzo

Diretor da Conmebol: sistema álibi do Santos não é para checar suspensos

Marcel Rizzo

24/08/2018 15h09

O diretor de competições de clubes da Conmebol, Frederico Nantes, disse que o sistema Comet não deve ser usado pelas equipes para checar se um jogador está ou não apto a entrar em campo em partidas organizadas pela Confederação Sul-Americana de Futebol. E que o procedimento correto é o de consultar a entidade diretamente em caso de dúvidas se um atleta está regularizado ou livre de suspensões.

"Em nenhum lugar de nossos regulamentos se informa que condições de jogadores, suspensões, etc… podem ser verificadas no sistema e existem algumas razões para isso. O sistema Comet atualmente existe para envio da carta de conformidade e compromisso dos clubes, bem como a lista de boa fé. Isso é o que estabelece o regulamento das nossas competições. Além disso, para efeitos organizacionais é o sistema onde árbitros e delegados fazem seus relatórios", disse Nantes ao blog.

Segundo ele, somente em 2018 a Conmebol já recebeu 50 consultas diretas sobre condições de jogadores e que o regulamento disciplinar da entidade é claro sobre a responsabilidade exclusiva dos clubes sobre essa questão. "Existem muitas informações desencontradas sobre a utilização do sistema Comet da Conmebol", disse.

O Comet, que os clubes acessam por meio online, é o principal álibi do Santos na defesa para evitar que seja punido pela escalação do volante Carlos Sánchez no empate de 0 a 0 contra o Independiente, terça (21), pelo primeiro jogo das oitavas de final da Libertadores. O clube argentino acionou a Conmebol sobre possível irregularidade na presença do atleta naquele jogo, já que, segundo os argentinos, ele precisava cumprir uma partida de suspensão de advertência sofrida em 2015, após receber um cartão vermelho quando defendia o River Plate.

A Conmebol enviou o caso a seu Tribunal de Disciplina, que deve tomar uma decisão em breve. Como mostrou o blog, dois dos três membros que julgarão o caso do Santos tiveram decisão contrária ao Deportes Temuco, do Chile, em situação parecida que o clube disse ter consultado o Comet para escalar um jogador, que estava liberado naquele sistema mas, na verdade, com a inscrição irregular.

O Santos se apega ao fato de, no Comet, a suspensão de Sánchez estar considerada vencida. O problema é que a Conmebol, como explicou Nantes, não considera o sistema oficial para checagem dessas informações e recomenda que o clube envie um ofício perguntado a situação do atleta.

"A Conmebol está trabalhando para que num futuro todas as informações estejam disponíveis nesse sistema para facilitar a vida de todo mundo (clubes, Conmebol, etc…), mas estamos ainda trabalhando nisso, porque devemos recordar que até este ano as competições não estavam nesse sistema", completou Nantes.

Mas mesmo mandar ofício para a Conmebol pode dar problema, como mostrou o caso do meia Zuculini, do River Plate, Em fevereiro, o time argentino mandou um documento à confederação sul-americana questionando se o atleta tinha alguma restrição, e a resposta foi negativa. Agora descobriu-se que Zuculini tinha dois jogos de uma suspensão sofrida em 2013 a cumprir, e a Conmebol admitiu que errou na resposta ao River. Como nenhum time reclamou no prazo de até 24 horas após o jogo, o River não corre risco de ser punido. 

Nantes informou que a Conmebol trabalha para que ocorra a inclusão de todas as informações de clubes e jogadores em plataformas digitais –não há um prazo para que isso ocorra. Se punido, o Santos teria como resultado um 3 a 0 contra e precisaria reverter a situação na partida de volta, terça (28), no Brasil.

Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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