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Marcel Rizzo

O impasse da MLS na Libertadores: dar vaga no Mundial aos times dos EUA

Marcel Rizzo

20/11/2018 04h00

O plano da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) de contar na Libertadores com times da MLS (Major League Soccer), liga que engloba o mercado dos EUA e do Canadá, esbarra em uma exigência dessas equipes da América do Norte: que possam se classificar para o Mundial de Clubes da Fifa via torneio o que, consequentemente, tiraria vaga de sul-americanos.

Caso a Fifa de fato crie um novo Mundial de Clubes, inchado com 24 participantes e que poderia ser até anual, essa solicitação ficaria mais fácil de ser atendida. A Libertadores daria pelo menos quatro vagas para essa nova competição e incluir americanos nesse bolo, caso consigam a vaga no campo, poderia ser discutido. Mas se a competição de clubes da Fifa se mantiver em um formato parecido com o atual, que tem sete concorrentes e apenas um da Libertadores, a Conmebol, apurou o blog, não topa que um time da MLS venha a ser seu representante. E aí está o impasse.

Os clubes mexicanos, que por sinal também poderão disputar a Libertadores novamente, jogaram o campeonato de 1998 a 2016, mas não se classificariam ao Mundial caso vencessem — estava no regulamento. Eram convidados e em 2001, por exemplo, o Cruz Azul foi vice do Boca Jrs. Os argentinos, mesmo se perdessem a decisão, estariam classificados para o torneio que na época era considerado o Mundial, o confronto entre os ganhadores da Libertadores e da Liga dos Campeões da Europa — o campeonato da Fifa, no formato atual, começou em 2005, mas teve uma primeira versão em 2000.

O projeto de times da MLS na Libertadores é encabeçado pela Diez Media FC, empresa criada por IMG e Perform para gerenciar os direitos comerciais dos campeonatos de clubes da Conmebol. Esse plano de marketing tem a presença do mercado norte-americano como essencial para aumento da receita dessas competições. A ideia era que eles entrassem já a partir de 2020, mas essa possibilidade de, se obtiverem o índice técnico, irem ao Mundial travou as negociações. Em contatos informais com a cúpula da confederação, cartolas sul-americanos disseram ser contra perder vaga aos americanos ou canadenses.

Outro ponto a se discutir é com relação à logística. Times da América do Sul não gostariam de se deslocar à costa oeste dos EUA, pelas longas distâncias, e foi debatida a possibilidade de as equipes dos EUA exercerem uma base fixa, na costa leste, como Nova York, Orlando e Miami para que as que viajassem de Brasil e Argentina tivessem viagens mais curtas. Há também a final única, novidade da Libertadores já para 2019 — será em Santiago, no Chile. Os times da MLS gostariam de ter essa decisão jogada com frequência na América do Norte, para explorar o mercado local. Miami e Orlando já foram citadas como possíveis sedes.

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

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