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Caixa reservou quase R$ 200 mi a patrocínio de clubes e federações em 2018

Marcel Rizzo

15/12/2018 04h00

A Caixa Econômica Federal reservou R$ 191,7 milhões em 2018 para patrocínios de clubes de futebol e campeonatos de alto rendimento da modalidade. O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), reclamou em redes sociais de alguns gastos do banco estatal e informou que todos esses contratos serão revistos. Há possibilidade de diminuição de investimento no futebol profissional para o ano que vem — desde 2012 a Caixa patrocina clubes, algo que se intensificou nos últimos anos transformando a empresa na principal parceira de várias das equipes de elite do país.

O blog apurou que o novo governo trabalha com a não renovação de acordos com clubes que tenham orçamentos altos, ou seja, aqueles considerados grandes, que na visão dos futuros membros do executivo podem por pernas próprias conseguir patrocinadores privados que paguem caro para estampar suas marcas na camisa. Há, porém, possibilidade de manutenção de patrocínios a associações menores, da Série B por exemplo, e de torneios estaduais de federações mais pobres. Isso só será definido entre janeiro e fevereiro de 2019 — a Caixa confirmou, por meio de sua assessoria, que ainda não preparou o plano de marketing esportivo para o ano que vem.

Em 2018, 12 dos 20 clubes da Série A, a elite do futebol brasileiro, tiveram a Caixa como seu principal patrocinador de camisa, o chamado master por ficar na área mais nobre do uniforme (peito e costas). Segundo levantamento feito pelo blog com os extratos de contratos publicados no Diário Oficial da União, os acordos da primeira divisão chegaram a R$ 138,2 milhões, mas não necessariamente foi esse o valor que a Caixa desembolsou.

Em alguns dos acertos havia a previsão de bônus por metas alcançadas, portanto a quantia paga de fato pela Caixa é inferior aos R$ 138,2 milhões reservados. Usando o contrato do Flamengo, o maior para 2018, como exemplo: no Diário Oficial o valor fechado apresentado foi de até R$ 32,6 milhões, mas R$ 25 milhões foi o fixo pago e o restante (R$ 7,6 milhões) era relativo a conquistas, como títulos do Mundial de Clubes, da Libertadores e do Brasileiro, que o clube não conseguiu.

O menor foi pago ao Sport, de R$ 2,8 mi, porque foi fechado em novembro — apesar de o clube ter usado o logo da Caixa durante a temporada (gratuitamente para a empresa). O acordo dos pernambucanos, como a maioria dos assinados, vale até fevereiro de 2019, portanto proporcionalmente a quantia foi menor.

Em abril, ao blog do jornalista Rodrigo Mattos, a Caixa informou que o teto do investimento em clubes de futebol era de R$ 152,9 milhões, mas não estava claro na época se esse valor já incluía os bônus por premiações e os acordos com federações estaduais para torneios. Por meio de sua assessoria, o banco confirmou que o valor de R$ 191,7 milhões englobou todo o investimento reservado, mas que, como explicado acima, não será totalmente gasto por causa das bonificações não pagas (não está fechado ainda quanto será desembolsado efetivamente).

Na Série B de 2018, 13 dos 20 clubes assinaram com a Caixa, que reservou total de R$ 44,8 milhões. O maior contrato foi do Coritiba, recém-rebaixado de divisão, de R$ 4,6 milhões. O menor do Sampaio Corrêa, de R$ 1,5 milhão. Em 2017, a Caixa gastou 144,5 milhões patrocinando 14 clubes da Série A, dois a mais do que 2018 portanto, e 12 da Série B. Mas clubes de futebol não são os únicos que recebem dinheiro da Caixa em forma de patrocínio, há também federações estaduais para ajuda na realização de torneios.

Em abril, o blog mostrou que três federações estaduais já tinham fechado com a Caixa para seus estaduais em 2018: Paraíba e Piauí (R$ 500 mil cada) e Mato Grosso do Sul (R$ 400 mil). Mas, no decorrer do ano, outras entidades acertaram contratos, como Rio Grande do Norte (R$ 500 mil), Rondônia (R$ 200 mil) e Sergipe (R$ 900 mil, maior valor porque a Caixa tinha o naming rights do torneio, ou seja, o nome atrelado ao Estadual). A federação do Espírito do Santo fechou, no meio do ano, contrato de R$ 300 mil para sua Copa ES, o torneio que organiza no segundo semestre para movimentar os principais times do Estado.

Houve acordos, também, para torneios organizados pela CBF, apesar de o contrato não ser direto com a entidade que tem como praxe não fechar com empresas estatais. A Copa Verde, que reúne clubes das regiões Centro-Oeste e Norte, custou R$ 2 milhões e a Copa do Nordeste mais R$ 3,4 milhões. Ambos foram fechados com a empresa Topsports Ventures, responsável pela venda dos direitos comerciais dessas duas competições.

Os valores reservados pela Caixa para clubes, federações e campeonatos de alto rendimento de futebol em 2018* (em R$)

Série A (138,2 milhões)
Flamengo: 32,6 milhões
Santos: 17,6 milhões
Cruzeiro: 16,8 milhões
Atlético-MG: 13,1 milhões
Botafogo: 12,3 milhões
Vitória: 9,5 milhões
Bahia: 9,5 milhões
Ceará: 6,7 milhões
América-MG: 6,3 milhões
Athlético Paranaense: 6 milhões
Paraná: 5 milhões
Sport: 2,8 milhões

Série B (44,8 milhões)
Coritiba – 4,6 milhões
Avaí – 4 milhões
Ponte Preta – 4 milhões
Atlético-GO – 4 milhões
Goiás – 4 milhões
Vila Nova – 4 milhões
Paysandu – 3,9 milhões
CRB- 3,5 milhões
Fortaleza – 3,2 milhões
Londrina – 3,1 milhões
CSA – 2,7 milhões
Criciúma – 2,3 milhões
Sampaio Correa – 1,5 milhão

Campeonatos (8,7 milhões)
Copa do Nordeste: 3,4 milhões
Copa Verde: 2 milhões
Campeonato Sergipano – 900 mil
Campeonato Piauiense – 500 mil
Campeonato Potiguar – 500 mil
Campeonato Paraibano – 500 mil
Campeonato Sul-mato-grossense – 400 mil
Copa ES: 300 mil
Campeonato Rondoniense – 200 mil

*valor reservado porque compreende bonificações por metas alcançadas que não serão pagas

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Sobre o Autor

Marcel Rizzo - Formado em jornalismo em 2000 pela PUC Campinas, passou pelas redações do Lance!, Globoesporte.com, Jornal da Tarde, Portal iG e Folha de S. Paulo, no qual editou a coluna Painel FC. Cobriu Copas do Mundo, Olimpíada e dezenas de outros eventos esportivos.

Sobre o Blog

Notícias dos bastidores do esporte, mas também perfis, entrevistas e personagens com histórias a contar.


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